Para resgatar e manter vivos os saberes populares que habitam o coração, as mãos e a memória dos nossos ancestrais, a mediadora de saberes Gê Cardoso realiza o projeto ´Guiné´. Entre ervas, raízes, cascas e folhas, o projeto realiza três workshops sobre manipulação de ervas e feitura de chás para o público em geral e para mulheres atendidas por organizações sociais. O projeto está sendo realizado com o incentivo da Prefeitura Municipal de Campo Grande, Fundação Municipal de Cultura (Fundac) e Governo Federal por meio da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB).
“Este projeto nasceu das minhas memórias afetivas. Quando eu era criança, via as mulheres da minha família tomando mate. Elas se reuniam, e logo vinham as vizinhas também. Ali, no meio daquela roda, trocavam receitas para curar alguma dor: ‘Ah, estou com uma inflamação’, e já indicavam uma planta. Eu costumo dizer que era quase uma cerimônia, a cerimônia do mate, em que elas compartilhavam saberes enquanto bebiam. O quintal de casa era vasto, cheio de plantas, e foi nesse ambiente que cresci, cercada por esse universo de cura e tradição”, conta a idealizadora, coordenadora do projeto ´Guiné´ e mediadora de saberes, Gê Cardoso.
O projeto busca resgatar e fortalecer os saberes tradicionais e populares sobre manipulação de ervas, raízes, plantas, cascas, infusões e feituras de chás, valorizando a oralidade como forma de transmissão de saberes entre as gerações. Para tanto serão realizados três workshops, dois voltados para usuários de organizações sociais e um workshop para o público em geral.
Durante os workshops, os participantes serão convidados a conhecer, manipular e utilizar ervas, cascas, raízes, sementes e plantas de forma artesanal para a preparação de chás e infusões, além de aprender sobre a identificação, colheita, secagem e armazenamento destes elementos, explorando suas propriedades medicinais e benefícios para o bem viver. Serão utilizadas ervas comumente encontradas em casas e bairros, como boldo, manjericão, alfavaca, hortelã-pimenta, alecrim, guiné, folha de fumo, camomila, canela, entre outros.
“Uma planta muito especial pra mim é o Guiné: ele curou minha dor de garganta. Eu tinha amigdalite crônica desde criança, e minha mãe começou a ferver as raízes com as folhas e um punhado de sal. Eu fazia gargarejo com essa solução e foi assim que realmente me curei, por meio do Guiné. Outro exemplo é o capim-cidreira: fazemos como suco ou chá gelado; ele ajuda a controlar a ansiedade e a baixar a pressão. Tem também raízes que ajudam contra a dengue e problemas de fígado”, destaca Gê.
Dois workshops serão voltados para mulheres da CUFA e da Aciesp
Com o objetivo de levar informações sobre manipulação de ervas e feitura de chás para mulheres atendidas por organizações sociais, o projeto Guiné realiza um workshop para as mulheres da Central Única das Favelas no dia 25 de setembro, às 14 horas e, um workshop para as mulheres do Instituto Aciesp, no dia 26 de setembro, também às 14 horas. Estes encontros contarão com contação de histórias, com a contadora Ana Triches, para as crianças da instituição; filhos, netos, sobrinhos e familiares das participantes dos workshops.
Workshop voltado ao público em geral acontece no dia 27
O encontro aberto ao público acontece no dia 27 de setembro, às 14 horas, no Centro Cultural José Octávio Guizzo. Ao todo são 30 vagas e o projeto vai disponibilizar uma ajuda de custo de R$ 25 reais para 20 participantes. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas por este link, até 10 de setembro. A seleção será por ordem de inscrição, os 30 primeiros inscritos serão selecionados e, a equipe de produção entrará em contato com os selecionadas para confirmar a participação no evento. Após os workshops, os participantes terão acesso a um material online com conteúdos abordados nos encontros.
“Sempre fui muito curiosa. Queria saber o porquê de cada coisa: por que essa planta não pode ser tomada, o que ela causa… E a minha mãe sempre me explicava. Assim fui adquirindo conhecimento com as mulheres fortes da minha família. Minha mãe é minha grande referência: ela nunca estudou formalmente sobre plantas, mas a gente cresceu aprendendo com ela. Esses são saberes populares que me acompanham e eu estou extremamente feliz em realizar mais esse sonho de poder compartilhar todos esses saberes com outras pessoas”, finaliza Gê.
Serviço: o projeto Guiné realiza o ´Workshop sobre manipulação de ervas e feitura de chás´ no dia 27 de setembro, às 14 horas, no Centro Cultural José Octávio Guizzo, para o público em geral. A inscrição é gratuita e deve ser feita por este link até 10 de setembro. O projeto conta com acessibilidade em Libras. Mais informações pelo telefone/whatsapp (16) 99216-9934 e pelo Instagram @proj.guine.