Um dos assuntos mais comentados atualmente é a retirada das escolas públicas, do livro “O avesso da pele”, do escritor Jeferson Tenório. Só para esclarecer aqui sobre o que estamos falando, o livro em questão narra a história de um menino pobre de pele negra, que sofreu na pele e na alma as consequências psicológicas causadas pela violência racial diária, sofrida por muitas pessoas, principalmente através de abordagem feitas por alguns policiais mal preparados. Digo alguns, porque na sua maioria, os departamentos de polícia do nosso país, contam com bons servidores cumpridores dos seus deveres
e por isso mesmo não podem ser colocados no mesmo “cesto de maçãs podres”! Esse caso tem que ser avaliado por vários parâmetros. Primeiro, o livro, apesar do seu rico conteúdo e de uma história que narra a realidade vivida por muita gente no Brasil, na minha opinião, não é didático e por esse motivo nem deveria ter sido listado para ser avaliado como tal pela “turma” do PNLD. Por outro lado, o autor peca em descrever com minúcias o relacionamento sexual das personagens usando para isso, uma linguagem chula e vulgar, e isso por si só, já faz dele um livro “não-didático”, o que por consequência nos leva a crer, que ele não deveria estar na lista do PNLD.
Na minha visão de escritor, essas duas passagens do livro foram desnecessárias e acabaram maculando um pouco o seu conteúdo, dando margem para esse alvoroço todo. Entretanto, comercial e friamente falando, foi um tiro com efeito reverso, que ao invés de matar, deu uma nova vida ao autor. O outro ponto aqui é justamente essa “comissão de avaliadores”.
Via de regra, ela deveria ser formada por pessoas capacitadas para isso, mas será que é? Ou é, como na maioria das coisas nesse nosso país, onde pessoas, que mesmo tendo uma formação acadêmica, são indicadas para exercerem cargos onde não tem a capacidade suficiente para neles estarem e só lá estão por serem indicadas? Bom, não vou entrar no mérito dessa questão, porque apesar dela ter relevância para o fato, não é o foco principal aqui, pois, o outro lado disso tudo, é a retirada imediata dos livros das escolas por parte de alguns Governos Estaduais.
E a pergunta é: será que essa atitude é legal? Será que feito desta forma não soa como uma espécie de censura, mesmo que tardia? Porque em uma coisa eu creio que todos iremos concordar, não podemos, sob hipótese alguma admitir qualquer tipo de censura em nosso país! O grande problema sobre isso, reside em um fato muito simples, algumas pessoas, por conta de um fanatismo e de uma ideologia que parece ter feito uma simbiose em suas mentes, acham que a censura só dói e é maléfica, quando vem de alguém que pensa diferente delas. E isso é um erro brutal! Censura é censura e não existe meio-termo. Não existe esse negócio de cor, raça, credo ou ideologia política. Todo tipo de censura tem que ser vista como uma coisa abjeta e inaceitável! Afinal, até quando o Brasil vai viver essa novela paradoxal do “avesso do avesso do avesso”?
Por: poeta Percival Lelo Gomes