Lançado em 25 de dezembro, o telescópio espacial James Webb já percorreu mais de 80% do caminho até seu destino, uma órbita ao redor do Ponto de Lagrange L2 entre a Terra e o Sol. Ao todo ele já viajou 1.167.300 km, com 278.899 km restantes.
Batizados em homenagem ao matemático franco-italiano Joseph-Louis Lagrange, os Pontos de Lagrange são cinco pontos de equilíbrio entre dois corpos no espaço (nesse caso, a Terra e o Sol) onde as forças gravitacionais destes objetos cancelam a aceleração centrípeta.
Objetos colocados nestes pontos mantém sua posição em relação aos dois corpos celestes, que pode ser mantida com pouco esforço ou gasto de combustível. Isso os torna locais ideais para satélites e observatórios espaciais. Apesar disso, os pontos L1, L2 e L3 são instáveis, ou seja, um objeto ali estacionado ainda tem que realizar correções periódicas de órbita para se manter em posição.
No caso do James Webb isso é feito com dois propulsores de foguete alimentados por uma mistura de Hidrazina e Tetróxido de Dinitrogênio. Isso limita a vida útil do telescópio ao seu estoque de combustível: quando ele acabar, não será mais possível manter a posição ao redor de L2.
Felizmente, a Nasa anunciou nesta semana que, graças à precisão com que o telescópio foi colocado em órbita pelo foguete europeu Ariane 5, muito menos combustível que o esperado foi necessário para manobras de correção de rota. Com isso, o JWST tem o suficiente para operar por 20 anos, e não 10 como originalmente estimado.
Poucas notícias, porém muito a fazer até o JWST começar a operar
Com o desdobramento do espelho primário do telescópio, que ocorreu neste fim de semana, a etapa mais crítica do “comissionamento” do Webb foi concluída. Mas isto não significa que ele estará pronto para funcionar assim que chegar a L2, o que deve ocorrer por volta de 25 de janeiro.
Ainda será necessário um longo período de testes e calibração antes que o observatório possa iniciar sua missão científica. Essa é uma fase mais “lenta” do processo, em contraste aos dias cheios de novidades que tivemos até agora. É o que lembra Alexandra Lockwood, membro da equipe de comunicação científica do projeto Webb no Space Telescope Institute, responsável por sua operação.
“As palavras não podem descrever o orgulho e a emoção que a equipe Webb está sentindo agora. De engenheiros a cientistas, equipe de TI, designers gráficos e pessoal administrativo (e muito mais!), estamos todos muito felizes com os incríveis sucessos do observatório até hoje. Embora ainda tenhamos um longo caminho a percorrer antes de obtermos dados científicos, os feitos de engenharia que foram realizados, na Terra e agora no espaço, são inspiradores. Eles são uma prova do trabalho árduo e da experiência da equipe internacional da Webb”, afirmou.
“Agora que a sequência de implantação terminou, estamos passando para uma fase muito mais lenta, mas deliberada, do processo de comissionamento […] A novidade e variedade de ciência que esse observatório pode produzir exige que milhares de coisas sejam verificadas com antecedência. Mas tenha certeza de que este verão vai ‘ferver’ com as observações que em breve estaremos compartilhando!”
Fonte: Olhar Digital.