As infecções respiratórias são grandes portas de entrada para complicações de outras doenças. Com a explosão das infecções atuais, muito se discute sobre os impactos que essas doenças causam em nosso organismo. A gripe H1N1 é uma delas e traz grandes desafios e preocupações para a saúde nacional.
De acordo com o Dr. Alexandre Abla, cardiologista do Hcor, é possível observar um aumento no índice de internações relacionadas à saúde cardiovascular, como infarto agudo do miocárdio, miocardite e tromboembolismo. “O coração é o órgão responsável por bombear o sangue para todo o corpo. Quando estamos infectados por algum vírus, ele pode causar danos e inflamação em diversos órgãos. Esse processo inflamatório pode reduzir e dificultar o bombeamento do sangue de forma adequada aos órgãos necessários”, explica o especialista.
Outras complicações que podem ocorrer são os acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e insuficiência cardíaca, principalmente em pacientes portadores de alguma cardiopatia. “Em casos como esses, o coração do paciente tem maior dificuldade em bombear o sangue. Quando o indivíduo é acometido por alguma infecção viral, ocorre um aumento da demanda de todo o sistema, promovendo um desequilíbrio, o que pode acarretar em alguma arritmia ou descompensação cardíaca. É importante ficar atento, pois esses pacientes podem apresentar dificuldade de adaptação neste cenário e maior probabilidade de eventos desfavoráveis”, alerta Dr. Alexandre.
Além disso, o número de infartos também aumenta muito nesta época do ano. Em temperaturas mais baixas, ocorre um estreitamento do diâmetro das artérias, que pode prejudicar o fluxo adequado de oxigênio ao coração. Com esse desequilíbrio, dá-se início a um processo de morte do músculo cardíaco (necrose), que pode resultar no infarto agudo do miocárdio.
“De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 300 mil pessoas são diagnosticadas todos os anos com algum problema cardiovascular. Cerca de 80 mil delas acabam indo a óbito, sendo muitas de maneira súbita. O frio é o responsável por aumentar as doenças cardiovasculares em 30%. Pesquisadores da London School descobriram que, em dias de inverno rigoroso, cada grau a menos de temperatura tem relação direta com 200 casos de infarto a mais.”
O especialista ressalta que a melhor forma de evitar contrair qualquer um dos vírus da gripe é manter o calendário vacinal completo. “É sempre importante verificar se falta alguma vacina na carteirinha, além de manter a imunização anual da vacina da gripe disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, aponta o cardiologista. “As vacinas não só reduzem o contágio, mas também diminuem a manifestação dos sintomas.”
Para reduzir o contágio pela gripe, os cuidados são os mesmos: usar máscara de proteção, lavar bem as mãos e fazer uso de álcool em gel sempre que disponível, não ficar em locais fechados com pouca ventilação, não compartilhar utensílios de nenhum tipo com outras pessoas e, principalmente, evitar o contato com indivíduos que possam estar contaminados.