Em agosto, o Mato Grosso do Sul será palco de um evento inédito que visa difundir e valorizar a história e memória da capoeira no estado. Com o objetivo de promover a troca de conhecimentos entre mestres, alunos e o público, o projeto Permeando a Capoeira no Mato Grosso do Sul irá percorrer 5 cidades, trazendo encontros dinâmicos e o registro da história e memória de importantes mestres de capoeira de diversos estados do Brasil.
Reconhecida como patrimônio cultural da humanidade, a capoeira é uma prática cultural profundamente enraizada na história e na identidade brasileira. Contudo, a preservação deste patrimônio nem sempre é garantida, especialmente no contexto atual de vulnerabilidade econômica e social acentuado pela pandemia. Permeando a Capoeira no Mato Grosso do Sul, do proponente Marcos Campelo, surge como uma resposta a essa necessidade urgente de salvaguardar e celebrar a capoeira, bem como apoiar os mestres que dedicam suas vidas a essa prática.
O projeto será realizado em duas frentes principais:
Registro da História e Memória:
Serão realizadas audiografias de mestres locais, capturando suas histórias de vida, práticas e contribuições para a capoeira. Esse registro combinará retratos fotográficos dos mestres em seus cotidianos com depoimentos orais, criando um valioso acervo histórico. Mestres como Mestre Sapela de Três Lagoas, Mestre Guerreiro de Dourados, Mestre Tapioca de Ponta Porã, Mestre Pernambuco de Corumbá e Mestre Pequeno de Campo Grande serão alguns dos protagonistas desse projeto.
“A capoeira é uma fonte de conhecimento para além da prática física, então ela merece ter esse registro, ser tratada, ser valorizada como todas as outras práticas que são difundidas enquanto história do nosso país. É fundamental que a gente tenha o registro dessa memória cultural, porque em geral são práticas trabalhadas dentro de uma partilha oral que é de geração para geração e que muitas vezes vai se perdendo, às vezes pela falta de incentivo, às vezes pela falta de interesse”, pontua a artista visual e coordenadora do projeto, Vanessa Bohn.
Encontros Itinerantes:
A capoeira ganhará vida em quatro encontros itinerantes, cada um com três dias de duração, realizados nas cidades de Três Lagoas, Dourados, Ponta Porã, Corumbá e Campo Grande. Cada encontro reunirá mestres locais e convidados de outras regiões, promovendo diálogos, oficinas e vivências. As atividades culminarão em uma roda de capoeira em locais públicos, como praças e parques, aproximando a prática do público em geral e fortalecendo os laços comunitários.
Cidades e Mestres Participantes:
– Três Lagoas: Mestre Sapela, presidente do grupo Regional Brasil.
– Dourados: Mestre Guerreiro, um dos mestres mais antigos do estado.
– Ponta Porã: Mestres Tapioca e Jaraguá do Grupo Camará Capoeira.
– Corumbá: Mestre Pernambuco do grupo Cordão de Ouro.
– Campo Grande: Mestre Pequeno do grupo Camuanga de Angola.
A prática da capoeira, reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio imaterial da humanidade, enfrenta desafios de preservação. Através deste projeto, busca-se não apenas registrar e valorizar a memória dos mestres, mas também fortalecer a prática da capoeira no estado e promover a luta contra o racismo e a exclusão social. A inclusão de mestres e mestras, bem como a participação de jovens em situação de vulnerabilidade, reforçam o compromisso do projeto com a equidade e a diversidade.
Rafael de Sá, um dos idealizadores do projeto, explica a motivação por trás da escolha do Mato Grosso do Sul: “Queremos expandir a capoeira angola no estado, pois há poucos grupos de capoeira angola aqui. Queremos levar essa vivência para os grupos de capoeira contemporânea e promover a união entre diferentes estilos de capoeira, enriquecendo a prática cultural em várias cidades.”
Este projeto conta com financiamento do FIC (Fundo de Investimentos Culturais), da FMCS (Fundação Municipal de Cultura de Mato Grosso do Sul), órgão vinculado à Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), do Governo de Mato Grosso do Sul.