Quem vê a aposentada Dulce Mendes de Azevedo Lacerda participando das atividades no Centro de Convivência Elias Lahdo e até arriscando alguns passos nas polcas paraguaias que fazem parte do repertório dos bailes da unidade, não imagina que esta semana ela completou 100 anos ao lado dos familiares e amigos. O local escolhido não poderia ser outro: o CCI que ela frequenta há 18 anos e não abre mão de marcar presença pelo menos uma vez por semana.
Para comemorar a data, a equipe da unidade preparou uma comemoração mais que especial para dona Dulce. Frequentadora assídua do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, ela recebeu o carinho dos colegas e servidores da unidade com uma festa que teve direito a várias delícias saudáveis, apresentação do grupo de violeiros Passageiros do Tempo, que homenageou a aniversariante com o seu repertório preferido.
A festa, que também contou com a presença do secretário municipal de Assistência Social, José Mário Antunes, e da superintendente de Proteção Social Básica da SAS, Inês Mongenot, terminou com um baile onde dona Dulce mostrou toda sua vitalidade.
“Eu amo esse lugar e as pessoas. Tenho gravado nas minhas lembranças momentos lindos que vivi e ainda vivo aqui. A semana que não consigo vir fico triste, sinto falta. Estou muito feliz em poder estar ao lado de pessoas que me oferecem tanto amor, principalmente neste dia”, ressaltou sorridente.
Benefícios
A aposentada conheceu o CCI em 2004 quando tinha 82 anos. De acordo com a coordenadora da unidade, Ana Lia Manvailer, Dulce sempre foi ativa em todas as atividades oferecidas. “A dona Dulce é uma pessoa participativa e lúcida, além de muito festeira. Pensamos em fazer essa comemoração desde o ano passado. Ela sempre fez questão, afinal, cem anos não é todo dia que a gente comemora, é raro esse acontecimento, então, preparamos tudo com muito carinho para que ela pudesse curtir cada momento”, afirmou.
Dona Dulce fala que esses 18 anos de amizades conquistadas no Centro de Convivência promoveram muitos benefícios e momentos de alegria, já que ela sempre fez questão de participar das atividades físicas, inclusive capoeira, festivais e desfiles, onde foi até Miss, além de ganhar o primeiro lugar em um concurso de dança. A centenária mantém uma alimentação regrada, o que permitiu a ela chegar aos 100 anos com uma saúde invejável.
O secretário José Mário fez questão de homenagear a idosa pelo seu legado. “Eu quero parabenizá-la pelo grande exemplo de vida e vigor que ela representa, e vim também pagar uma dívida. No seu aniversário de 98 anos eu estive aqui e prometi que voltaria na festa do centenário. Estou muitíssimo feliz por isso”, disse.
A superintendente da Proteção Básica, Inês Mongenot falou sobre a importância do fortalecimento de vínculos na convivência dos usuários do CCI. “Dona Dulce nos traz um exemplo significativo, pois trata-se de uma história de vida importante que contribuiu também para reforçar o nosso trabalho, agregando valores tanto para os usuários quanto para os servidores”, explicou a superintendente.
Um momento marcante na comemoração foi a bênção recebida pela aniversariante, dada pelo pastor Gabriel Vieira. “Estamos aqui para abençoar a vida da irmã Dulce. É um privilégio participar deste dia e presenciar esse milagre. Que Deus continue dando vida e muita saúde”, destacou o pastor.
Origens
Nordestina vinda do Piauí, dona Dulce reside em Campo Grande há 46 anos. Ela teve três filhos e ficou viúva há 69 anos, porém preferiu não ter outro relacionamento. Artesã, terminou de criar os filhos sozinha e hoje tem oito netos e sete bisnetos. Lúcida, ela sabe os nomes e a data de aniversário de todos eles.
Morando com a filha, Francisca Neide Lacerda, de 78 anos, as duas são companheiras, inclusive para participar do Centro de Convivência Elias Lahdo. Neide contou que a mãe sempre foi feliz e de bem com a vida, um exemplo de coragem e fé. “Minha mãe é muito guerreira, me sinto honrada em poder viver essa linda história ao lado dela. É um exemplo para nossa família e acredito que esse legado já está sendo passado para as próximas gerações”, frisou.
Dona Dulce afirmou também que duas coisas foram fundamentais para a fazer chegar em 100 anos com qualidade de vida e saúde. “A primeira coisa é a fé em Deus, eu tenho muita fé e acredito que Ele me conduziu nesta caminhada. Em segundo é a vida saudável. Sempre fui cuidadosa com minha saúde, nunca fumei e nunca consumi álcool”, concluiu.
A filha Neide contou ainda que a mãe é vaidosa, gosta de estar sempre bem arrumada, de batom, unhas feitas e perfumada. Outro detalhe que chama a atenção, é que a aposentada se preocupa e até cuida das suas finanças. “Ela é muito inteligente, sabe o valor da sua aposentadoria e o dia do pagamento. Às vezes até esqueço a idade que ela tem. Sua memória é melhor que a minha”, pontuou.
Sem ajuda de cuidadora profissional, de duas a três vezes por semana, mãe e filha recebem ajuda da nora de Dulce, Adalgisa Lacerda, que faz questão de participar nos cuidados com a sogra. “Ela é especial, uma pessoa que ama a vida e nos ensina a todo momento. Às vezes é um pouquinho teimosa. Como sempre foi ativa, ela insiste em fazer as coisas sozinha, temos que ficar espertos com ela e às vezes puxar a orelha”, brincou Adalgisa.