Por Clauber Aguiar*
De acordo com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a crise hídrica que reduz os reservatórios das hidrelétricas pode aumentar a inflação e afetar a política monetária do país. A questão da energia exerce pressão na inflação e no preço de alimentos, que pode afetar o crescimento do PIB que ocorreu no primeiro trimestre de 2021. A taxa de juros é o principal instrumento do BC para conter a inflação.
O País está enfrentando a pior seca nas hidrelétricas da região Sudeste/Centro-Oeste em 91 anos. Em que pese esse óbice, é prioridade a garantia do suprimento de eletricidade, bem como a supressão do risco de racionamento no segundo semestre. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu aplicar a bandeira tarifária vermelha no segundo patamar, a mais alta desse mecanismo. Isso significa uma cobrança adicional de R$ 6,243 para cada 100 quilowatts-hora consumidos.
Com o custo mais alto, há reflexos diretos no bolso do consumidor, que por consequência impacta a inflação. Na sequência, por conta da crise hídrica, o custo dos alimentos aumenta, desacelerando o crescimento de Mato Grosso do Sul, causando retração no agronegócio.
O desempenho de 4,9%, alcançado pelo PIB/MS em 2017, é fruto do bom resultado obtido pela agricultura estadual. No período de 2012 a 2017, o PIB estadual obteve evolução média de 2,9% ao ano, com resultados negativos nos anos de 2015 e 2016. A maior contribuição vem do setor primário com crescimento médio de 9,2% na agropecuária.
Para o doutor em Economia Michel Constantino, “se faltarem os recursos hídricos, a produção no campo é paralisada e o impacto na economia é enorme”. Por consequência, afetará o PIB do Estado, que, mesmo com impacto positivo nos dois primeiros trimestres, poderá sofrer com retração do PIB no agronegócio, que é a base da economia sul-mato-grossense.
*Clauber Aguiar é diretor do Observatório Econômico do Sindicato dos Fiscais Tributários de MS