O câncer de mama, amplamente associado às mulheres, é uma realidade que afeta também os homens, e sua incidência tem apresentado crescimento. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2021, ocorreram 220 óbitos de homens no Brasil devido a essa doença, um aumento considerável em relação aos 207 óbitos registrados no ano anterior. Esses números alertam para a necessidade de conscientização sobre o câncer de mama masculino, sua prevenção e detecção precoce.
O câncer de mama masculino, embora mais raro do que entre as mulheres, exige atenção. Os sintomas podem ser semelhantes e incluem a presença de um nódulo no peito, alterações na pele da mama, secreção do mamilo, entre outros. A prevenção é fundamental, e os homens não devem ignorar os sinais de alerta.
“O atraso no diagnóstico é o que aumenta o número de óbitos. A falta de conhecimento que a doença também pode acometer homens faz com que essa população acabe ignorando a doença.” O alerta vem da mastologista, cooperada da Unimed Campo Grande e presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, regional MS, Thaís R. Daltoé Inglez. Ela explica que o câncer de mama em homens tem relação, principalmente, com mutações genéticas que aumentam o risco de desenvolvimento desse tipo de câncer relacionado a outros cânceres, já que a alteração nos genes que controlam o surgimento de cânceres no nosso organismo não é exclusiva das mamas. “Quando aparece a doença, ela é de desenvolvimento rápido e mais agressivo. O atraso no diagnóstico aumenta mortes”, pontua.
Detecção precoce – O rastreamento tal qual é feito em mulheres, onde há uma faixa etária a partir da qual devem ser feitos exames anuais, não tem a mesma rigidez quando se fala na população masculina, a não ser naquelas pessoas que têm histórico familiar (até a segunda geração) e genético. “É importante observar naquelas famílias que os indivíduos tiveram vários tipos de câncer diferentes em parentes próximos e aqueles familiares com mais de um tipo de câncer ao longo da vida. E, principalmente, estarem atentos ao que os estudos têm apontado: os genes que têm maior chance de causar um câncer de mama quando estão presentes em uma família seriam aqueles relacionados ao câncer de mama, claro, e os de ovário, de próstata, de pâncreas e de intestino, de maneira geral”.
O autoexame regular das mamas, como ocorre com as mulheres, é uma prática que pode ajudar na identificação de possíveis alterações. “Como não há grande tecido mamário, qualquer nódulo pequeno pode ser facilmente palpável, na maior parte dos homens, mesmo os de 1 cm, tamanho muito inicial, por exemplo”, explica a mastologista. “O tratamento nunca vai ser igual de uma pessoa para outra, pois é necessário observar idade, apresentação dos tumores, estadiamento clínico, a presença ou não de mutações genéticas e tudo isso junto é que define o tratamento daquele indivíduo”. Quanto mais cedo o câncer for diagnosticado, maiores são as chances de um tratamento eficaz.
A conscientização é o primeiro passo para a prevenção. “O autoconhecimento, não só das mamas, mas corporal é uma prática que deve ser seguido. Um conhecimento básico da saúde e das alterações pode ser suficiente para prevenir ou diagnosticar mais precocemente inúmeros problemas de saúde evitando complicações no futuro, sempre buscando também o atendimento especializado”, recomenda a médica.