Um direito básico universal de toda a população, ter acesso à água potável ainda está distante de ser realidade para alguns moradores de aldeias indígenas da região sul de Mato Grosso do Sul. Indígenas que vivem nas aldeias Lagoa Rica (Douradina), Laranjeiras (Rio Brilhante), Jaguapiru e Bororó (Dourados), Pirakuá (Bela Vista) e Marangatu (Antônio João) reclamaram da falta de água. Este é um dos pontos que a candidata Val Eloy Terena (PSOL), quer mudar na vida de seu povo, caso seja eleita.
Já na maior reserva indígena urbana do país, em Dourados, a candidata encontrou famílias sem água potável em casa. Sem nenhum suporte do poder público, os familiares se juntam para cavar poços e ter acesso a água de lençol freático, muitas vezes sem nenhum tipo de maquinário específico para o trabalho, apenas com ferramentas e a própria força.
“Aqui em casa mesmo, juntamos as mulheres e cavamos um poço para poder tomar água, tomar banho, lavar roupa e fazer outras tarefas. Foi bem difícil, mas conseguimos perfurar 9 metros e encontrar água pra gente. Ainda assim não há um bom tratamento, não temos água encanada, às vezes até ficamos doentes por causa disso”, afirma Sueli Oliveira, que vive com a família na aldeia Bororó.
Nas áreas de retomada a situação é ainda pior. Na retomada Itaquiraí, próximo à aldeia Marangatu, famílias tomam banho em açude no qual animais tomam água e fazem as necessidades. “Muitas vezes precisamos até tomar água deste açude, porque não sai água suficiente do poço para todo mundo aqui, somos várias famílias lutando pelo direito à nossa terra. É bem difícil essa situação, ver nossos filhos passarem por isso”, afirma Maria Rosa, que vive com o esposo e quatro filhos no local. Mais 8 famílias vivem próximo a ela e compartilham um poço com 5 metros de profundidade.
Em Pirakuá, a cacique Irene Reginaldo Gomes também contou que há famílias na mesma condição. “Temos muitos problemas em relação à falta de água. Como alguns não têm água encanada, até crianças ajudam a carregar baldes e bacias, e algumas já até quebraram o braço fazendo isso. Procurei ajuda várias vezes, preenchi documentos, mas ninguém escuta a gente, não olham para nossa comunidade. Precisamos de um olhar diferenciado para nós, precisamos de dignidade e sei que alguém de nosso povo, que sabe o que enfrentamos, vai lutar pela gente. Por isso acredito na Val Eloy”, frisa a cacique.
De acordo com o advogado Luiz Eloy Terena, há uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), no âmbito da ADPF 709 (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), que determina o atendimento às comunidades indígenas que estão nas áreas de retomadas. “Especialmente no que concerne ao acesso de água potável, pois este é um direito básico de qualquer cidadão”, explica.
A candidata Val Eloy ressalta que é muito difícil ver seu povo nessas condições. “Me parte o coração vê-los nessa situação. Muitas vezes são coisas que não são tão complicadas de se resolver, é falta de vontade do poder público. Estando lá dentro, vou lutar para que todos tenham acesso aos seus direitos básicos, ainda mais à água, que é um bem universal e necessária para a sobrevivência”, conclui.
Assessoria.