Artista e estudante de Teatro da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) foi brutalmente atacado e agredido por cerca de dez homens, por volta de 3 horas da madrugada do sábado (3), em frente ao Armázem Cultural, na Esplanada Ferroviária, em Campo Grande.
Vítima alega que tinha saído de um bar da região e estava indo até o veículo ir embora e outro rapaz foi com ele para se despedir. Os dois trocaram beijos e nesse momento foram abordados pelo grupo de agressores que dizia: ‘Aqui não é lugar para veado, mete o pé!’.
O rapaz foi agredido e como acreditava ser o veículo que o grupo queria largou a moto e fugiu. Mas mesmo assim ficou muito machucado e com o rosto sangrando. Ele contou que só não foi morto porque estava de capacete, que inclusive ficou quebrado.
Ele conta ainda que foi ao Ponto Bar pedir ajuda para lavar o rosto e se sentiu mal, porque não foi acolhido. Disse o segurança não queria o deixar entrar para lavar o rosto e só com muita insistência deixou, mesmo assim ninguém ofereceu água ou algo do tipo. “ Não me senti acolhido”.
Ele acionou a Polícia Militar que o acompanhou até o veículo que estava nesse momento em frente a outro bar. Na delegacia na hora de registrar o boletim de ocorrência, sentiu mais uma vez a força do preconceito: o caso não foi tratado como grave.
“Então alguém precisa quase morrer para investigar? Se eu tivesse morrido, talvez tivessem dado importância”, desabafou.
O estudante, que agora enfrenta gastos com transporte, medicamentos e o conserto da moto, afirma que o ataque teve clara motivação homofóbica. “Eu apanhei porque beijei. Estou vivo, mas me sinto culpado por ter ido comemorar e ter beijado na rua. Quero alertar: ali tem uma gangue que persegue pessoas LGBTQIA+”.

Nota do Ponto Bar
Em nota, o Ponto Bar lamentou o episódio e negou que tenha deixado de prestar assistência ao jovem. Afirmou que a equipe de segurança apenas questionou a vítima para entender a situação e liberou o acesso ao espaço e ao banheiro, além de acionar a segurança pública.
“O Ponto Bar lamenta profundamente o episódio de violência homofóbica e manifesta total solidariedade à vítima. Possuímos imagens do circuito interno que mostram o atendimento prestado e estamos à disposição das autoridades”, informou.
O bar destacou ainda seu histórico como espaço seguro para a comunidade LGBTQIA+ e cobrou da gestão municipal mais policiamento na região, “não apenas para cumprimento da Lei do Silêncio, mas ara proteção da população”.
O caso segue em investigação.