Com relação ao episódio das ativistas, que jogaram sopa em uma das obras de arte mais famosas do mundo, o quadro da Mona Lisa, que fica sob um vidro blindado no Museu do Louvre, em Paris, é cabível algumas reflexões sobre essa atitude deplorável.
Importante destacar que, as “ativistas”, em primeiro lugar, deveriam receber da mídia o tratamento e a denominação mais precisa de “vândalos”, porque a ação foi agressiva e atentatória a um patrimônio da humanidade, como o é o quadro objeto do ato. Ativistas? Do que? Não. “Vândalos”.
Segundo informações divulgadas no mundo inteiro, após o ato insano, as duas mostram camisetas com os dizeres “Resposta Alimentar”. Dito isso, numa análise da ação, pode-se afirmar que a arte realmente não é mais importante que o comer e o alimentar-se. Porém, sem a arte, até o comer se torna conduta de mera sobrevivência, vazia de qualquer conteúdo.
Não é matando a arte que se vai alimentar o mundo.
Não é o artista e, menos ainda, sua obra que provocam a fome no mundo.
São as grandes corporações e os bancos que mereceriam receber essa sopa “na cara”. Mas os “ativistas” teriam essa coragem?
É muito mais fácil entrar em um museu, onde se encontram pessoas que lá estão por cultura e/ou entretenimento e agir de forma violenta, sob o manto do “ativismo”, a organizar uma estratégia para “ensopar” bancos e corporações.
É muito mais fácil agredir a arte e justificar isso por conta da alimentação no mundo, com slogans pobres em conteúdo, mas abastados de retórica de tipo “o que é mais importante: a arte ou o direito a um sistema alimentar saudável e sustentável?”
A entidade que “assumiu” o gesto o justificou com uma nota em que destacou a “necessidade de proteger o ambiente e as fontes de alimento”.
Pela nota se vê que nem sequer se trata de uma ação humanitária, que visa distribuir alimentos a quem deles carece.
Trata-se, isto sim, de manter um estilo de vida: o estilo de vida o qual os “ativistas” acham correto, o da “alimentação sustentável”, com o significado que ELES dão à expressão.
Ao fim e ao cabo, nada há de mais burguês nessa atitude. Por trás desses desvarios fica exposta a falta da percepção de que a arte é de todos, sem demagogia, e de fundamental importância para a humanidade.
Por: João Ibaixe Jr. é advogado criminalista, ex-delegado de polícia, especialista em Direito Penal, pós-graduado em Filosofia, Ciências Sociais e Teoria Psicanalítica e mestre em Filosofia do Direito e do Estado.