Somente quem já passou pela experiência de aguardar por uma doação de órgãos para continuar vivendo com saúde e mais qualidade sabe o quão angustiante é. Cada dia parece ser uma eternidade, e para Gilson da Silva Trajano, servidor público federal, não foi diferente.
Em julho do ano passado, chegou em situação de emergência no Hospital Unimed Campo Grande. O diagnóstico: insuficiência renal crônica. Seus dois rins não funcionavam mais e foi preciso uma semana de internação até que recebesse alta.
Pouco tempo depois, por orientação médica e consenso dele e de sua família, iniciou diálise peritoneal, uma modalidade que permite ao paciente seguir com o tratamento em domicílio, possibilitando a ele manter suas atividades cotidianas ou, pelo menos, boa parte delas.
Embora o tratamento lhe permitisse levar uma vida tranquila, Dr. Alexandre Silvestre Cabral, nefrologista da Unimed Campo Grande que acompanha o paciente desde então, fez questão de alertá-lo de que precisaria de um transplante renal. “O transplante aumenta a sobrevida do paciente e possibilita uma vida com mais qualidade, por isso, o Gilson sabia desde o início que precisaria de um novo rim, e logo demos início à bateria de exames para que ele fosse incluído na lista nacional de transplantes”, explica o médico.
Gilson sabia que poderia demorar muito tempo até receber o novo órgão. “Eu tentava não pensar nisso, no transplante, para não gerar mais ansiedade, mas eu esperei em Deus que viesse no momento certo o novo órgão”, conta.
Se podemos chamar de sorte? Talvez. O fato é que Gilson ficou menos de um ano aguardando pelo transplante renal. Na verdade, foram 10 meses até que ele recebesse uma das notícias mais esperadas de sua vida.
“Nesse dia estava trabalhando quando o doutor Alexandre me ligou, era umas 14h30 da tarde, perguntando porque o HLA, um exame que é preciso fazer com uma certa frequência, não estava atualizado, e me mandou ir naquela hora fazer. Eu fiquei em estado choque, porque é um misto de felicidade e de medo ao mesmo tempo”.
Em meio à surpresa de saber que poderia ter chegado sua vez, Gilson saiu para atualizar o exame. O resultado sairia em torno de oito horas, mas naquele dia ele não teve o resultado em suas mãos. “Enquanto aguardava o resultado, fiquei em oração, mas ninguém me ligou, então pensei que provavelmente o rim teria ido para outra pessoa mais compatível e fui tentar dormir um pouco”, relembra.
No outro dia, se arrumando para o trabalho, às 7h30 da manhã, o telefone tocou, e novamente era o Dr. Alexandre. “Atendi a ligação e ele falou ‘vamos fazer o transplante? Arruma suas coisas e vai para o Hospital da Unimed. Vamos aguardar lá o resultado do último exame’, e assim eu fui, com o coração na mão”, descreve o paciente.
Já internado, e na companhia de sua esposa, Julia Cristina Alves Mendes Trajano, veio a confirmação. Seu rim havia chegado, e naquele dia 6/10/2022, Gilson, aos 38 anos, recebeu o novo órgão. “Fui para o centro cirúrgico muito tenso, mas é uma emoção muito grande entrar na sala de cirurgia sabendo que sua vida podia mudar para melhor”.
Hoje, pouco mais de 20 dias após passar pelo transplante renal, Gilson diz “agora sigo me fortalecendo, ao lado da minha família, esperançoso de ter uma nova vida e de poder ajudar outras pessoas que também precisam de um transplante, mas também incentivando outras a doarem órgãos”.
E para a família do seu doador, ele fala que só tem gratidão. “Só tenho a agradecer muito por esse gesto de bondade, mesmo que tenha sido em meio a uma dor grande, porque duas famílias foram contempladas por esse gesto nobre de amor”, finaliza.
Hospital Unimed CG
Desde 2020 o Hospital Unimed Campo Grande é credenciado pelo Ministério da Saúde para realizar transplantes renais. O serviço oferecido pela instituição contempla toda a sociedade sul-mato-grossense e não apenas beneficiários do plano, pois antes, muitos órgãos captados aqui eram enviados para atender pacientes de outros estados do Brasil por falta de leitos.