Entre os principais desafios da transição energética está a disponibilidade de matérias-primas necessárias para criar alternativas limpas. Regiões, biomas, vocação econômica e produções agropecuárias precisam ser levadas em consideração nessa busca e é o que a pesquisa inédita do Instituto Senai de Inovação em Biomassa, de Três Lagoas, vai mostrar com o mapeamento de biomassas residuais do Brasil.
Segundo o diretor do Instituto, João Gabriel Marini, o Brasil é uma potência mundial na produção de biomassa e disponibilizar essas informações de forma organizada pode estimular a adoção de práticas renováveis. “Para isso contamos com o apoio de grandes empresas, de diversos setores e que já visualizaram a importância deste estudo para suas estratégias internas que consideram a biomassa como umas das chaves da transição energética da indústria brasileira”.
Desenvolvida em parceria com as empresas ArcelorMittal Brasil S/A, Bionow S.A., Atiaia Energia S/A , Tupy S.A., Vamtec Group e Votorantim Cimentos, o estudo busca fazer um levantamento das matérias orgânicas, vegetais ou animais, com potencial energético, capazes de serem utilizadas nas indústrias.
Também fazem parte do projeto a Apla (Arranjo Produtivo Local do Álcool de Piracicaba), o Instituto Senai de Tecnologia em Meio Ambiente, de Minas Gerais, e o Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados, de Santa Catarina.
“Será um mapeamento tanto do ponto de vista de disponibilidade e qualidade de biomassa, quanto das tecnologias de processamentos existentes e maduras para a implementação no Brasil. Buscaremos, com o estudo, identificar os desafios a serem superados e as oportunidades de negócios para as empresas do grupo e todas as outras interessadas”, explica a pesquisadora do ISI responsável por coordenar o projeto, Luiza Paula da Conceição Lopes.
Conforme a pesquisadora, neste estudo serão mapeados três tipos de resíduos oriundo da biomassa: agrícolas, da silvicultura (florestas) e animais (bovino, suíno e aves). Nas amostras, serão avaliadas questões técnicas quanto a geração de energia, sazonalidade, logística e volume de resíduo gerado. Além disso, será realizado estudo sobre as tecnologias disponíveis para melhor aproveitamento energético dos itens mapeados.
“A ideia é que, ao final do projeto, possamos disponibilizar essas informações compiladas em uma plataforma onde as empresas poderão acessá-lo de onde estiverem”, explica Luiza.
A ausência de informações mais detalhadas sobre as biomassas brasileiras disponíveis para serem utilizadas como matéria-prima energética, compiladas em uma única plataforma e com uma metodologia padronizada motivaram o desenvolvimento desta pesquisa.
A prática das empresas como norte para o levantamento
Mais do que comprometimento financeiro, a atuação das empresas parceiras é centrada na tomada de decisões sobre as escolhas das biomassas a serem priorizadas no estudo. As informações geradas irão dar subsídios para promoção da transição energética.
“A maioria das empresas estão em uma fase de migração de matrizes energéticas fósseis, provenientes de combustíveis fósseis à base de carvão ou petróleo, para fontes de energia renováveis, como é o caso das biomassas, que possuem uma pegada de carbono neutro, além de envolver o emprego de tecnologias mais adequadas e eficientes que as tradicionais”, destaca a pesquisadora Luiza Lopes