Às vésperas da inauguração das obras de reforma e ampliação do Aeroporto Internacional de Campo Grande, o senador Nelsinho Trad (PSD/MS) apresentou, nesta quarta-feira (4), o Projeto de Lei 2.695/21, que denomina o Aeroporto Internacional de Campo Grande Ueze Elias Zahran. A proposta foi aprovada ainda na sessão de ontem do Senado Federal. “Essa homenagem veio da ideia de prestar, aqui, uma consideração a um homem que nasceu em Bela Vista, na fronteira com o Paraguai, no dia 15 de agosto de 1924 e se formou empresário de renome mundial em razão da sua visão de futuro e empreendedorismo”, discursou o parlamentar em Plenário.
O empresário Ueze Elias Zahran morreu em 27 de dezembro de 2018. Na data, o senador Nelsinho Trad postou nas redes sociais a foto do pai dele falecido, Nelson Trad, com Zahran e comentou que via o empresário como “tio”, alguém que deixou muita saudade.
Independentemente do lado afetivo, o senador Nelsinho Trad destacou que o empresário revolucionou a vida das donas de casa com os botijões de gás e trouxe entretenimento com sete emissoras em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
O senador Wellington Fagundes (PL/MT) foi designado o relator da matéria e, também, defendeu a proposta, enfatizando a importância da TV Centro América em Mato Grosso. Da região, o senador Carlos Fávaro (PSD/MT) enfatizou a quantidade de pessoas que já tiveram formação profissional e empregos nas empresas da Rede Mato Grossense de Comunicação e Copagaz.
O projeto foi aprovado por unanimidade e seguiu para a Câmara dos Deputados. “vou me reunir com o presidente Arthur Lira e pedir rapidez para a votação”, comentou o senador Nelsinho Trad.
Biografia de Ueze Elias Zahran
No início do século 20, seus pais vieram do Líbano. Ueze iniciou a vida profissional trabalhando com o pai em um bar, cuja maior renda vinha da torrefação de café. A família se desfez do negócio e constituiu uma padaria como principal fonte de renda. Ueze sempre quis ter a própria empresa e, com êxito, comprou uma empresa de torrefação, conseguindo autorização para que seu café fosse exportado de Campo Grande para a Argentina.
No entanto, uma questão diplomática entre os dois países inviabilizou a continuidade deste comércio e forçou o fim das atividades. A partir daí, o empresário se dedicou ao projeto do primeiro grande negócio da família Zahran, uma distribuidora de gás. Desde o início da criação da Petrobrás, surgiram as primeiras refinarias de petróleo do país. O processo de distribuição de GLP aumentava com o crescimento da comercialização do fogão a gás. Observando a incipiência deste produto nos lares das famílias do então estado do Mato Grosso, Ueze conseguiu autorização do Conselho Nacional de Petróleo e criou a Copagaz em 1955. Inicialmente, passou a encher os tanques de gás em São Paulo para mandar por ferrovia para o então estado de Mato Grosso. Pouco tempo depois, em 1961, buscando a expansão do negócio, ampliou suas operações com uma engarrafadora na cidade de São Paulo. A Copagaz se tornaria, 60 anos depois, a quinta maior distribuidora de GLP do país. Não satisfeito e buscando expandir os negócios da família, Ueze viu na comunicação uma grande oportunidade de suprir a carência da comunidade do antigo Mato Grosso. Por volta de 1960, o país tinha apenas 26 emissoras de televisão. Preencheu, portanto, os requisitos necessários para que pudesse participar de procedimento concorrencial para a concessão de canais de televisão. Logrou êxito e foi autorizado a constituir três emissoras geradoras que seriam lotadas em Campo Grande, Cuiabá e Corumbá. Desta forma, em 1965, juntamente com seus irmãos, Ueze inaugurou a TV Morena em Campo Grande, primeira emissora do antigo Mato Grosso. Dois anos depois, inaugurou a TV Centro América, em Cuiabá, dando início a Rede Mato Grossense de Comunicação, que se tornou afiliada da Rede Globo em 1976. Ueze conquistou sete emissoras de TV, rádios e sites. A Rede Mato-grossense de Comunicação se tornou uma das maiores empresas do setor do país.
Ao longo de sua trajetória, Zahran recebeu uma série de prêmios e honrarias por seu trabalho incansável e persistente para o desenvolvimento do País, da ética nos negócios e o respeito aos colaboradores. Foi líder empresarial nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Entre seus vários títulos de cidadão, destaca-se o de Cidadão Paulistano pela Câmara Municipal de São Paulo, recebido em 2012, como reconhecimento ao que fez pelo desenvolvimento da cidade. Em 2015, recebeu o título de Guardião dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, metas internacionais estabelecidas pela Cúpula do Milênio das Nações Unidas em 2000, após a adoção da Declaração do Milênio das Nações Unidas, em reconhecimento aos relevantes serviços e comprometimento com as causas sociais e ambientais.
O prêmio visa a ressaltar a contribuição dos setores público, privado e da sociedade civil para o alcance desses objetivos no estado. Ueze Zahran valorizou e divulgou a cultura brasileira, investindo no cinema nacional. Com seu patrocínio, a cineasta Ana Carolina produziu os filmes Das tripas coração (1982) e Sonho de valsa (1987); e Joel Pizzini produziu os curtas-metragens Enigma de um dia (1996) e Glauces – estudo de um rosto (1998). Ao longo de sua vida empresarial, Ueze investiu nos mais diversos ramos da economia, comércio, agronegócio, alimentação, cultura, telecomunicação, indústria e energia. Todavia, em todos os negócios constituídos, sempre priorizou a responsabilidade social. Criou em 1999 a fundação Ueze Zahran que promove a educação para adultos, curso de computação para idosos e promoção cultural para jovens e crianças, dentre outras ações sociais. Engajou-se, também, por meio de um convênio com governos estaduais e a Copagaz, no programa SOS Crianças Desaparecidas. Até hoje, o projeto ajuda famílias a encontrar crianças desaparecidas, por meio da publicação e divulgação de fotos de crianças desaparecidas nas etiquetas dos botijões de gás.
Dezenas de crianças foram encontradas e voltaram para suas famílias a partir da campanha. É preciso registrar, ainda, que Ueze Zahran sempre teve como princípio oferecer qualidade de vida a seus trabalhadores, principalmente aqueles que não tiveram oportunidades de estudo. Para tanto, criou o programa de bolsas de estudo promovendo a possibilidade de uma grande transformação na vida de colaboradores oferecendo cursos de língua estrangeira, cursos de graduação, cursos de pós-graduação, educação Infantil para os filhos dos funcionários e alfabetização para quem não teve a chance de frequentar uma escola.
Em 2018, Ueze Elias Zahran faleceu aos 94 anos deixando um legado de pioneirismo. O homem de negócios que o Brasil e o mundo conheceram sempre foi um visionário com um olhar voltado para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul marcando para sempre a história desses dois estados. “Dessa forma, por ser medida justa a homenagem, contamos com o apoio do Congresso Nacional para a aprovação desta matéria”, disse o senador Nelsinho Trad.
Em suas redes sociais, o senador Nelsinho Trad ressaltou que deseja eternizar a memória do empresário no local em que muita gente vai perguntar: quem foi Ueze Zahran? “Nós, sul-mato-grossenses, teremos o orgulho em responder: foi um grande homem que deixou muita saudade!”
Assessoria.