Fronteira com dois países e divisa com cinco estados, Mato Grosso do Sul possui grande diversidade cultural, moldada pela mistura de costumes e tradições, legados imigratórios oriundos, principalmente, do Paraguai, Bolívia e dos estados da região sul e sudeste do país. Exatamente por essa pluralidade, a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) dá destaque à cultura sul-mato-grossense neste 05 de novembro, Dia Nacional da Cultura.
Na gastronomia, temos sabores das culturas portuguesa, indígena, africana, asiática, árabe e hispânica. Já na música, a cultura sul-mato-grossense é enriquecida com a polca paraguaia, guarânia e chamamé. Mas sua identidade não se limita apenas a estes dois componentes, abrangendo artesanato indígena, artes visuais, festas populares e danças, de forma que a diversidade das tradições trazidas pelos migrantes e imigrantes, constituíram a formação cultural do Estado, predominando algumas que deram uma característica muito peculiar às manifestações artísticas locais.
Em uma única mesa o sul-mato-grossense é capaz de reunir alimentos típicos da região norte, nordeste, sudeste, sul e centro oeste do país como o porco no rolete, a linguiça e o churrasco, com algumas predominâncias regionais no próprio Estado. É o caso do peixe à pantaneira assado na telha do lado oeste e do arroz com guariroba e frango ao molho pardo com quiabo e pimenta malagueta no Norte, além do arroz com pequi herdado dos vizinhos goianos e mineiros, muito apreciado na região leste.
Não raro, já no café da manhã tem que ter o tradicional quebra-torto – um verdadeiro almoço, em que se inclui de tudo, da linguiça ao ovo frito, com sopa paraguaia, chipa, lambreado (bife com ovo e farinha de mandioca) e ensopado de batata e carne. Algumas dessas iguarias são também heranças e adaptações dos cardápios presentes nas comitivas do homem pantaneiro, outra cultura regional que pode ser comprovado em Viagem a Bordo das Comitivas Pantaneiras (2014), livro-reportagem da jornalista Débora Alves que narra a realidade dos peões da Comitiva Nova Esperança publicado com o financiamento do Fundo de Investimentos Culturais, o FIC/MS.
Abrigando cerca 300 mil paraguaios, dos quais 80 mil permanecem concentrados em Campo Grande, região central de onde essa cultura se espalha, é inegável sua influência nos hábitos culinários do sul-mato-grossense podendo ser facilmente reconhecida entre os pratos que ganham a preferência em todas as regiões. Tal qual ao já citado churrasco com mandioca, a chipa (pão de queijo frito ou assado) e a “sopa” paraguaia, espécie de bolo de queijo, milho e cebola, é uma iguaria indispensável na mesa dos mato-grossense-do-sul.
Revelando o “DNA” cultural e a influência dos processos de desenvolvimento econômico e social, o sul-mato-grossense possui no conjunto do patrimônio histórico do Estado, vários museus e prédios antigos, tais como: Dom Aníbal Barreira, em Porto Murtinho (Padaria Velha); Cine São José e Aduana, em Bela Vista; antigo quartel da PM, em Ponta Porã; Usina, de Miranda; Esplanada Ferroviária em Três Lagoas, Campo Grande, Água Clara, Aquidauana, Miranda e Corumbá.
Na Capital os principais museus são José Antônio Pereira (da fundação de Campo Grande), do Exército, da História Natural (Dom Bosco), Memorial da Cultura Apolônio de Carvalho, Museu da História da Medicina, Instituto Histórico e Geográfico, Memorial da Cultura Indígena, Casa da Ciência e da Cultura e, claro, o Museu da Imagem e do Som (MIS) e o Museu de Arte Contemporânea (MARCO), ambos da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.
Intrínseca ao Pantanal, a música sul-mato-grossense sofreu bastante influência da viola do cocho na fronteira com a Bolívia e, sobretudo, do violão e da harpa que seguem vivos nas regiões pantaneiras. É inegável também a influência da música do Paraguai nos compositores regionais desde sua era de ouro, de modo que não há festa sul-mato-grossense, que não tenha a apresentação de uma dupla de paraguaios tocando harpa e violão. Por toda a parte do Estado, artistas como Geraldo Roca, Geraldo Espíndola, Paulo Simões e Almir Sater flertam com chamamés, guarânias e polcas, misturando o guarani com o português e usando os fatos da história como inspiração.
Se há, na cultura regional um carro chefe da multiplicidade cultural, porém, esse é, certamente, a música, pois sua pluralidade constitui, a grande motivadora da integração de culturas. A Fundação de Cultura do Estado promove essa integração anualmente por meio de festivais e festas regionais. Um deles é o Festival América do Sul, onde se encontram a música, dança, artesanato e fóruns de debate sobre as questões comuns em relação ao desenvolvimento econômico e social, além do meio ambiente, já que essa convergência se dá no coração do Pantanal.
A percepção de que o desenvolvimento econômico e o progresso social estão intrinsecamente ligados à cultura permitiu a Mato Grosso do Sul ter um rico calendário cultural. Assim, além do Festival América do Sul supracitado, ocorre, também, o Festival de Inverno de Bonito que valoriza as festas tradicionais; a Festa do Sobá, em Campo Grande; o Banho de São João, em Corumbá; Festa Junina, de Nova Andradina; Festa da Linguiça, de Maracaju; Leitão no Rolete, de São Gabriel do Oeste; Festa do Divino, em Coxim; Festa da Farinha, em Anastácio; Festa do Ovo, em Terenos; rodeios de Aparecida do Taboado, de Inocência, de Cassilândia e de Santa Rita do Pardo; Procissão dos Navegantes, em Bataguassu; Festa do Peixe, em Dourados e Itaquiraí, entre outras manifestações populares.
Mato Grosso do Sul tem muitas produções de artesanato, algumas delas tombadas como patrimônios imateriais, como a Viola do Cocho, a cerâmica terena, o artesanato Kadiwéu e os Bugres de Conceição, tão identificado com a região e reconhecidos como patrimônio imaterial do Estado que possui uma das maiores reservas indígenas do país, sendo o segundo maior Estado do Brasil em população dos povos originários. Com 18 mil índios, a etnia Terena é a maior em Mato Grosso do Sul, mas sua ocupação é fragmentada em diversas regiões. Além de habilidade na agricultura, os terenas são bons artesãos. As aldeias mais próximas dos centros urbanos abastecem as feiras com arroz feijão, feijão de corda, maxixe, mandioca e milho, alimentos que formam a base de sua própria alimentação.
Chefe da Assessoria de Projetos da FCMS, José Francisco Ferrari, o Zito, lembra que, nascida seis anos após a divisão do Estado, a FCMS tem por missão a aproximação da população das diversas práticas e manifestações artístico-culturais presentes no Estado, em decorrência de sua constituição social, estimulando o mercado cultural nas diversas linguagens artísticas, bem como nas festas e tradições populares do Estado por meio de da política de editais que visam a democratização da cultura. “A atuação da Fundação de Cultura, busca a integração e a expansão da produção artística e cultural do Estado. Além de estimular e apoiar entidades, agentes e grupos culturais no desenvolvimento de projetos, prestando serviços de capacitação e assessoria”, disse Ferrari.
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Assessoria Governo do Estado MS.