O clima de hostilidade entre Israel e Irã atingiu um novo patamar nesta quinta-feira (19), quando o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, declarou publicamente que o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, “não pode mais ser permitido de existir”. A declaração foi feita após um ataque com mísseis que teria atingido o hospital Soroka, em Be’er Sheva, no sul de Israel. A informação foi divulgada pelo site Russia Today (RT).
Segundo o diretor-geral do hospital, Shlomi Codish, o míssil danificou um prédio antigo já evacuado. “Há danos generalizados a outros edifícios do hospital. Todos os pacientes e toda a equipe estavam em abrigos”, explicou Codish. “Os poucos feridos que tivemos sofreram ferimentos leves, principalmente devido à onda de choque da explosão.”
Diante do ataque, Katz acusou diretamente o aiatolá Ali Khamenei de estar ordenando pessoalmente os bombardeios a hospitais israelenses e defendeu que, por isso, “ele não pode mais ser permitido de existir”. Ainda segundo o ministro, Khamenei estaria “buscando a destruição de Israel”.
Contudo, a imprensa iraniana contradiz a versão de Tel Aviv, alegando que o verdadeiro alvo do míssil era uma instalação de inteligência militar de Israel localizada no Parque de Tecnologias Avançadas Gav-Yam Negev, a cerca de 1,3 km do hospital atingido.
A escalada começou na sexta-feira anterior, quando Israel lançou ataques aéreos contra instalações nucleares iranianas e executou assassinatos seletivos de altos oficiais militares do Irã. Em resposta, o Irã lançou contraofensivas, acirrando o conflito direto entre as duas potências regionais.
A tensão entre os países já havia se intensificado nos bastidores. Reportagens de veículos ocidentais, como a Axios, revelaram que Israel havia consultado o governo dos Estados Unidos sobre um plano para assassinar o líder supremo iraniano. No entanto, segundo as fontes, o presidente norte-americano Donald Trump — reeleito em 2024 e atualmente em seu segundo mandato — rejeitou a ideia. “Os iranianos não mataram nenhum americano, e discussões sobre eliminar líderes políticos não deveriam estar na mesa”, teria afirmado a administração Trump na ocasião.
Apesar da recusa, Trump subiu o tom contra Khamenei nesta semana. Em publicação nas redes sociais, afirmou: “Ele é um alvo fácil, mas está seguro porque nós não vamos eliminá-lo (matar!), ao menos por enquanto.” Trump também exigiu uma rendição incondicional do Irã.
As tensões pessoais entre o presidente norte-americano e o líder iraniano também ganharam destaque após o premiê israelense Benjamin Netanyahu declarar, em entrevista à Fox News no domingo, que o Irã tentou assassinar Trump duas vezes e ainda o considera um alvo prioritário. O governo dos EUA acusou dois indivíduos — um deles postumamente — de tentativas de atentado contra Trump durante sua campanha em 2024, mas nenhuma ligação formal com Teerã foi estabelecida. O Irã nega qualquer envolvimento.
A retórica agressiva de Katz e a resposta internacional indicam que o confronto entre Israel e Irã, com forte envolvimento dos Estados Unidos, caminha perigosamente para um cenário de imprevisibilidade e possível ampliação regional do conflito. O mundo acompanha com preocupação os desdobramentos de uma disputa que pode ter consequências explosivas para o Oriente Médio e para a estabilidade global.
Brasil 247