Pioneirismo é a palavra que melhor define a história da sul-mato-grossense Real H e parece guiar o caráter desbravador do negócio na área de sustentabilidade. Focada em nutrição e saúde animal, a empresa atende o agronegócio e se destaca por manter projeto de reciclagem de resíduos que transformou sua cultura envolvendo colaboradores e a comunidade.
As práticas chamaram a atenção do Núcleo de ESG e Sustentabilidade da Fiems, que realizou visita à unidade de Campo Grande. Para a assessora do Núcleo ESG, Cláudia Borges, as práticas adotadas pela Real H evidenciam o comprometimento das empresas em fazer algo além do propósito, com ações que podem parecer simples, mas que trazem valor e uma nova cultura organizacional.
“Queremos mostrar o poder que a indústria tem. Da mesma forma que ela pode ser lucrativa e bem-sucedida, ela pode fazer isto com responsabilidade e incluir desafios da sociedade para serem enfrentados”, explica.
Para ela, a Real H mostra que é possível fazer isso, de forma sustentável em termos econômicos e também ser social e ambientalmente responsável. “Isso demonstra de maneira prática para as empresas como é possível conciliar negócio e sustentabilidade”, explicou.
Ousadia consolidou imagem de empresa ambientalmente comprometida
Há quase quatro décadas, quando surgiu, a empresa ousou ao ser a primeira no uso da homeopatia populacional, método terapêutico desenvolvido pelo médico veterinário e fundador da marca, Claudio Martins Real. Parte deste tratamento, é aplicado através da alimentação dos rebanhos com a ração desenvolvida na fábrica.
Conforme a gerente administrativa-financeira, Solange Kulhawa, diante desta história, sustentabilidade e ESG se tornaram a essência da identidade corporativa e geram práticas não só na esfera ambiental, mas também social e de governança. “Para nós da Real H, a sustentabilidade e o ESG não são apenas palavras da moda, mas princípios que orientam nossas decisões diárias”, explicou.
Apesar da transversalidade de ações, o programa de maior destaque da empresa não envolve diretamente o processo produtivo. Ao menos não à primeira vista. Desenvolvido desde 2007, o Ciclos consiste em uma iniciativa de preservação dos recursos naturais através da reciclagem de resíduos sólidos.
A usina instalada dentro da fábrica é abastecida pelos próprios colaboradores e os que mais contribuem com a ação recebem prêmios em dinheiro. O programa já retirou mais de 1 milhão de quilos de resíduos do meio ambiente.
Conforme o gerente industrial da Real H, João Paulo Anjos, o projeto possui caixa próprio e é destinado para ações sociais da empresa, como a compra de kits escolares para os filhos de funcionários, confraternizações, além de ações de bem-estar do trabalhador. “Os colaboradores que participam do Ciclos podem fazer uso do caixa em caso de urgência”, explicou.
O auxiliar de produção, Marcos Barbosa de Sousa, é um dos funcionários com melhor desempenho dentro do programa. Já ficou em primeiro lugar várias vezes e desenvolveu parcerias com os vizinhos do próprio bairro para recolher os reciclados. “Me ajuda bastante. Às vezes pago conta de água e luz com o dinheiro da reciclagem. Sem mexer no meu salário”, destaca.
A iniciativa estimulou a Real H a repensar os próprios processos produtivos. Atualmente, as embalagens de produtos necessários para fabricação da ração passam por um processo de limpeza e são reutilizadas. Também há a destinação de resquícios minerais para uso como adubo em fazendas, além de sistema de captação de água da chuva e uso de energia solar nas principais unidades.
A empresa possui filiais em Cuiabá (MT), Ji-Paraná (RO) e Cascavel (PR) e Betim (MG) e inicia processo de exportação de seus produtos para países como Paraguai, Guatemala e Bolívia.
Ações como as da empresa estão entre as que vão compor o “Banco de Boa Práticas ESG das Indústrias de MS”, elaborado pelo Núcleo de ESG e Sustentabilidade da Fiems. A partir dos dados, será possível a consolidação de relatórios com as iniciativas, além de gerar ideias para serem adotadas pelas empresas.
A ação está em sintonia com os itens 6 (água potável), 7 (energia limpa de acessível), 9 (indústria, inovação e infraestrutura), 11 (cidades e comunidades sustentáveis) e 12 (consumo e produção responsáveis) dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). As metas representam um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.