Apesar da expectativa positiva que antecedeu o Natal, o período de compras para as festas de fim de ano foi muito aquém do esperado para 2020. Levantamento realizado pela CDL CG – Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande junto ao SPC Brasil apontou que as vendas caíram 47%, comparadas ao ano anterior, sendo considerado um dos piores natais em mais de 15 anos.
Em relação à inadimplência, a CDL CG constatou um aumento nas negativações na ordem de 23%, comparando os meses de dezembro de 2019 e 2020 e as positivações caíram 15%, mostrando que as pessoas não estão conseguindo colocar suas contas em dia.
De acordo com o presidente da CDL CG, Adelaido Vila, as vendas do Natal deste ano foram similares às do mês de setembro, quando aconteceu a PromoGrande. “Infelizmente, não estamos fazendo nem para sobreviver, conseguimos, ao menos, equiparar ao mês de setembro, quando realizamos uma grande ação de descontos, mas isso não é o suficiente sequer para amenizar um pouco das perdas, que vem se acumulando há mais de dois anos, se considerarmos o impacto negativo de obras e crises econômicas. Hoje, o varejista campo-grandense mal faz para sobreviver e pagar as contas básicas.”
O presidente alertou ainda que isso poderá refletir em toda cidade no próximo ano. “O varejo é responsável por 60% da arrecadação, pagamos impostos que são revertidos para a cidade, como IPTU, ISS, ICMS, Contribuições e taxas e sem conseguir vender, não temos como arcar com essas despesas que são muito altas. Se não pagarmos os impostos, a cidade fica sem recursos para fazer obras, pagar funcionários públicos e isso vai virar uma grande bola de neve, prejudicando a todos.
Adelaido Vila ressaltou que houve muito deslocamento de pessoas e isso passou a impressão que as vendas poderiam ser melhores. “Aparentemente teríamos a alavancada que necessitavámos para entrar 2021 com um pouco mais de fôlego e o cenário foi justamente contrário, muitas pessoas pelas ruas e poucas compras, mantendo o setor numa crise que se arrasta por mais um ano, além disso houve aumento da inadimplência, até porque o número de desempregados ainda é grande, consequentemente, poucas pessoas procuraram limpar seus nomes”, explicou.
Sobre o motivo que levou à baixa nas vendas, a CDL CG entende que um deles foi a “disseminação do caos” por parte de algumas autoridades. “Se observarmos a secretaria estadual de saúde, com seus pronunciamentos e falas para a imprensa, eles ficaram o mês todo de dezembro dizendo que as pessoas iriam morrer, que o “mundo iria acabar”, e sem demonstrar que estavam fazendo algo pela saúde e tratamento das pessoas. O que se viu foram muitas falas amedrontadoras e poucas ações de fiscalização, por exemplo. Isso afastou as pessoas responsáveis, mas não fez qualquer efeito junto aos irresponsáveis, que continuaram em suas baladas ilegais, disseminando o vírus”.