O sol pantaneiro escaldante aliado à poeira típica das estradas que levam as comunidades mais longínquas são barreiras hoje superadas para as equipes do Governo de Mato Grosso do Sul que estão levando Pantanal adentro informações e abrindo um importante diálogo com os moradores desses locais, os fortalecendo como aliados do Estado na manutenção da sanidade dos animais criados em solo sul-mato-grossense, em especial contra a Influenza Aviária.
“Vocês tinham conhecimento disso?”, questionou integrante da comitiva da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) ao abrir conversa com moradores do Assentamento Taquaral, se referindo à ameaça da Influenza Aviária após registro recente de um caso em Cochabamba, na região andina da Bolívia.
O assentamento fica em Corumbá, há poucos quilômetros da faixa de fronteira seca com a Bolívia, sendo visto como estratégico para frear a entrada de doenças que afetam a sanidade animal no Brasil. Assim, foi ali que as ações realizadas na região pantaneira e de fronteira foram iniciadas na semana passada pelos servidores da Iagro.
Durante a conversa, várias dicas foram dadas para identificar casos de Influenza Aviária, foi explicado como proceder caso perceba-se que algum animal está com caso suspeito da doença e todas as implicações que a chegada dessa zoonose pode trazer à saúde e economia.Outros temas, como a implementação do Selo Arte – destinado aos que produzem produtos de origem animal de forma artesanal sejam atestados com uma certificação de qualidade – e o fim da vacinação contra a aftosa também foram abordados e discutidos com os moradores, que tiveram palavra aberta para fazer sugestões aos técnicos da agência sanitária.
“Ninguém esperava que a Iagro ia vir, pois nunca houve uma palestra assim para o povo daqui. Achei muito interessante. Muitas pessoas achavam que era uma coisa, agora com a Iagro vindo, a gente vê que não é o que a gente pensava. Foi bem esclarecedor e gostamos”, frisa a produtora de queijo Josefa de Fátima Lima.
Morando ali desde os cinco anos, hoje com 31 anos a assentada tem seu próprio lote onde cria gado leiteiro, que oferece a ela em média 40 litros de leite por dia, oriundos de oito cabeças. “Passei minha vida toda aqui e meu lugar é aqui, então tenho que prezar por ele. Todos temos medo que doenças venham para cá, mas acho que podemos evitar fazendo tudo certo”.
Material é didático e de simples entendimento
Nada mais fácil de entender do que um gibi. E justamente é esse um dos formatos usados para cativar o público e sobre a importância de se prevenir quanto a Influenza Aviária.
Os materiais impressos entregues aos assentados e as explicações dos servidores ajudaram a todos na compreensão de que o fluxo migratório das aves dissemina o vírus entre elas, sendo assim importante que aves domésticas não interajam com as silvestres.
“Está na nossa porta e depende desse empenho comunitário”, frisa o agente do Iagro, Cristiano de Oliveira, completando que mesmo sendo raro, é possível que haja contágio de ave para humanos em casos de contatos íntimos entre os dois. O vírus não é transmitido ao se alimentar de aves e também não há transmissão registrada de humano para humano.
As visitas aos assentamentos e a fiscalização no posto de fronteira acontece há praticamente um mês, contudo vem sendo reforçada, ganhando maior destaque agora. “Hoje vou dar parabéns a vocês por virem aqui, estarem explicando as coisas para a gente”, comenta outro assentado da Taquaral, Janilton Saraiva, acrescentando que a partir de agora vai comunicar à Iagro sobre qualquer alteração verificada nos animais.
O grupo que visitou o Assentamento Taquaral nesta quarta e segue para a fazenda Novo Horizonte nesta quinta é formado pelo diretor-adjunto da Iagro, Cristiano Moreira de Oliveira; pelo gerente de Controle e Operações, Marco Aurélio Guimarães; pelo coordenador do Núcleo de Produtos Artesanais de Origem Animal, Wilson de Moraes Rodrigues Junior; pelo fiscal Claudio Di Martino; e pela gestora de comunicação Iza Lima.
Quais as orientações?
Os principais sinais da doença nos animais são dificuldade respiratória, corrimento nasal e ocular, inchaço de cabeça, andar cambaleante, torcicolo e alta mortalidade. A transmissão ocorre por contato direto com aves contaminadas, mais especificamente com secreções. Evitar o contato com as aves, manuseio de animais doentes e a manutenção da limpeza do ambiente de criação são medidas de prevenção.
O Brasil nunca registrou nenhum caso da doença. Para comunicar a Iagro em qualquer suspeita da doença, o contato é o WhatsApp (67) 99961-9205, além da plataforma e-Sisbravet (Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergência Veterinária), via internet: https://sistemasweb4.agricultura.gov.br/sisbravet/manterNotificacao!abrirFormInternet.action