Promovido pelo Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS) e instituições parceiras, o seminário “A Justiça e os Desafios Socioambientais Contemporâneos”, realizado no auditório do Bioparque Pantanal, em Campo Grande, abordou, entre outros assuntos, os reflexos do clima na forma como as pessoas trabalham.
Com uma apresentação conduzida pela coordenadora de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho do MPT-MS, Cândice Gabriela Arosio, a instituição destacou os efeitos crescentes da crise climática sobre as condições de trabalho em Mato Grosso do Sul e em todo o país, como o aumento das temperaturas, a escassez hídrica e eventos extremos, como as queimadas na região do Pantanal do Estado, em 2024 — fatores que intensificam riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores. Estas reflexões foram foco da atuação do MPT durante a campanha “Abril Verde” que, neste ano teve como tema o “Futuro sustentável no trabalho e no clima”.
A procuradora do Trabalho também abordou os desafios enfrentados por categorias mais vulneráveis, como profissionais rurais, da construção civil, da limpeza urbana e catadores de materiais recicláveis. Diante deste cenário, o MPT-MS emitiu recomendações aos empregadores deste segmentos econômicos, contendo orientações para a realização de atividades laborais diante de condições climáticas extremas, de modo a resguardar a saúde e a segurança deste trabalhadores.
Cândice Arosio ressaltou a importância de uma transição ecológica justa, que considere a preservação do meio ambiente aliada à proteção dos direitos sociais e trabalhistas. “O enfrentamento da emergência climática precisa passar pela inclusão do mundo do trabalho nas políticas públicas ambientais. Não se trata apenas de reduzir emissões, mas de garantir que ninguém seja deixado para trás nesse processo”, pontuou.
A procuradora do MPT-MS apresentou, ainda, dados e casos recentes analisados pela instituição, e que evidenciam o vínculo direto entre degradação ambiental e precarização das condições de trabalho, especialmente em regiões marcadas por queimadas e desmatamento. Também foram discutidas estratégias interinstitucionais para prevenir acidentes relacionados ao calor extremo e promover ambientes de trabalho saudáveis e sustentáveis.
As discussões integram o seminário promovido pelo MPT-MS, em parceria com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, Tribunal Regional Eleitoral, Ministério Público Estadual e Ordem dos Advogados do Brasil MS, e conta com o apoio da Fecomércio-MS e do SESC.
A programação conta, ainda, com palestras do secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck; da a auditora fiscal de Meio Ambiente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável , Silvia Rahe Pereira; e do promotor de Justiça do Ministério Público Estadual, Luciano Furtado Loubet.