No dia em que o primeiro transplante de medula óssea realizado em Mato Grosso do Sul completa um ano, o Hospital Cassems de Campo Grande comemora o sucesso do terceiro beneficiário receber o procedimento de alta complexidade. O adolescente Eduardo Henrique Brandão Pereira, de 14 anos, recebeu alta hospitalar, nesta quinta-feira (10), e voltou para casa junto com a família.
O médico oncologista pediátrico da Cassems, Renato Yamada, foi o responsável pelo procedimento e destaca o trabalho em equipe para a consolidação do transplante de medula óssea no Estado.
“É um procedimento hospitalar de altíssima complexidade no qual é exigido grande capacitação da equipe médica, de enfermeiros, dentistas, fisioterapeutas e diretoria hospitalar. Não há possibilidade de sucesso sem cooperação de todos os envolvidos. E hoje toda a equipe do transplante de medula óssea está muito orgulhosa”.
Larissa Sommer Ferreira Brandão, mãe do adolescente diagnosticado com Linfoma de Hodgkin, um câncer no sistema imunológico, lembra quando recebeu a notícia. “Há alguns meses ele vinha apresentando infecções recorrentes e no Domingo de Páscoa do ano passado ele me mostrou o nódulo muito grande que cresceu do dia para noite. Então resolvi trazer ele para o Hospital Cassems de Campo Grande”.
Ela conta que em três semanas o diagnóstico foi fechado e teve início o tratamento. “No pronto atendimento já foram solicitados uma série de exames e quando vieram os laudos recebemos o encaminhamento para o especialista. No dia 25 de maio ele iniciou o tratamento com o primeiro protocolo”.
O tratamento, segundo Larissa, não foi fácil. “O Eduardo passou por três protocolos de tratamento. O primeiro não teve resposta completa, durante o segundo ele pegou covid-19, e o procedimento foi atrapalhando pelo vírus, que causou progressão da doença”.
O resultado positivo veio com o terceiro protocolo, e com ele a indicação para o transplante de medula óssea que de acordo com o médico oncologista pediátrico da Cassems, foi o autólogo. Nesse tipo de procedimento médico de alta complexidade, o paciente é o próprio doador das células-tronco, que são utilizadas para a recuperação após a quimioterapia.
A “pega” da medula
A mãe de Eduardo explica que a recuperação do transplante também não foi simples, mas descreve a sensação de alívio ao recebeu a notícia da “pega” da medula. “A família recebeu com toda a alegria do mundo. Foi um momento muito legal porque estava todo mundo preocupado e ansioso por essa confirmação”.
De Jaraguari, cidade a 40 quilômetros de Campo Grande, a família sentiu o carinho de todos que acompanhavam o tratamento. “Sou professora e na escola que eu trabalho todos comemoraram, durante o tratamento os amigos do Eduardo mandaram vídeos para ele desejando força, fizeram uma faixa e levaram em um jogo de futebol da cidade. Foi muito bacana a gente ver quantas pessoas torciam pelo Eduardo”, lembra.
Com a alta, Larissa conta que as expectativas do filho são as melhores. “Ele é um adolescente de 14 anos que só quer poder voltar casa, para a escola, jogar bola, poder estudar, voltar a ter uma vida normal e se sentir feliz novamente”. A primeira coisa que o filho que fazer, segundo a mãe, é comer a comida da avó e rever o irmão mais novo, Lucas, de 7 anos.
“O que ele mais sentiu foi a alimentação, porque ele gosta muito da comida vó, e a saudade do irmão, porque eles são muito unidos e agora ele vai poder matar essa saudade”, relata.
Consolidação da alta complexidade
O Hospital Cassems de Campo Grande é primeiro do Mato Grosso do Sul autorizado a realizar transplante de medula óssea. O primeiro procedimento de alta complexidade ocorreu em 10 de agosto de 2022. Com isso MS se tornou o 11º estado do Brasil autorizado a fazer esse tipo de transplante.
“Avanços como esse são resultado de muita dedicação e empenho de toda a equipe Cassems. Trabalhamos para nos consolidarmos como referência no atendimento hospitalar de alta complexidade e garantir o acesso a procedimentos como esse aos beneficiários do nosso plano de saúde”, comemora o presidente da Caixa dos Servidores., Ricardo Ayache.
Antes desta data, pacientes que recebiam a indicação pelo transplante autólogo precisavam realizar o tratamento em outras cidades do país. “Eu dei graças a Deus que já tinha iniciado esse tratamento aqui, que eu não ia precisar ir para outros estados com ele. Por aqui, tudo foi encaminhado da melhor maneira possível. Muitas pessoas me perguntavam por que eu não o levei para Barretos ou São Paulo e eu respondia ‘ninguém tem noção da estrutura que a Cassems tem para esse tratamento oncológico’. Em fevereiro meu filho não tinha tempo para esperar a liberação na justiça de uma medicação e a Cassems liberou em três dias. Então, às vezes, não estaríamos aqui para contar essa história”, explica Larissa Brandão.
Ela reforça também a importância de o tratamento ser realizado perto de casa. “Só quando a gente vivencia e precisa de um atendimento especializada é que entendemos a necessidade de ter isso perto da gente e não precisar ir para outro estado. É um tratamento tão difícil e ficar longe de casa deixa mais difícil”, concluí.