Com uma proposta curiosa e lúdica, a Iniciativa Aquarela Pantanal promoveu, gratuitamente este mês, o projeto Cartografia dos Sentidos. Um trabalho que convidou crianças e adultos, em Poconé (MT), a repensarem a sua relação com o bioma pantaneiro.
Para isso, foram preparadas diversas atividades, itinerantes, com instalações interativas, que incluiu: um mapa em grande escala de uma das regiões desta importante área úmida, com quase 500 metros quadrados; estúdio de projeções fotográficas de paisagens naturais; montagem de esculturas de taipa e intervenção artística sobre os sons do Pantanal.
O projeto encerrou nesta quarta-feira, 17, e foi realizado dentro das instalações do Sesc Pantanal, Sesc Poconé, Parque Sesc Baía das Pedras, Hotel Sesc Porto Cerrado e Parque Sesc Serra Azul, além da comunidade São Pedro de Joselândia. Em todas as unidades foram oferecidas também apresentações culturais e rodas de conversa sobre os temas abordados.
Arte e Meio Ambiente
A Cartografia dos Sentidos, coordenada pelo artista multimídia e antropólogo Maurício Panella envolveu os colaboradores do Polo Socioambiental Sesc Pantanal e comunidades tradicionais.
“A tecnologia que a gente vem trazendo para as comunidades, como mapa gigante, permite que as pessoas consigam ver seu território , suas comunidades de uma outra perspectiva. A gente faz dinâmica com distintos grupos, crianças a partir de 5 anos, além dos adultos. Todo nosso trabalho é lúdico e convida as pessoas a se tornarem gigantes, encontrarem seus territórios, suas casas, seus lugares de apropriação e, consequentemente, faz com que eles percebam a importância de suas histórias e a dimensão do bioma em que estão inseridos”, enfatiza Maurício.
A iniciativa é um espaço criativo com experiências sensoriais para que as pessoas conheçam e valorizem o Pantanal, se reconheçam e se sintam parte desse território. Para isso, foi planejado trabalhar aspectos históricos e geográficos do território pantaneiro.
Uma ação Aquarela Pantanal
Os trabalhos da Cartografia dos Sentidos estão ligados à iniciativa Aquarela Pantanal. Criada em 2020, ela é fruto de uma parceria entre as instituições a Mupan (Mulheres em Ação no Pantanal), Wetlands International Brasil, CPP (Centro de Pesquisa do Pantanal), INAU (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas) e o próprio Polo Socioambiental Sesc Pantanal.
O trabalho nasceu com o propósito de gerar renda às famílias envolvidas com os viveiros nas duas comunidades, por meio da comercialização de mudas e, em paralelo, promover ações de plantio para recuperação de áreas degradadas dentro da maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Brasil, a RPPN Sesc Pantanal.
“A iniciativa Aquarela Pantanal é algo de muita importância para gente, porque ela gera emprego e renda aos bolsistas que trabalham no viveiro e, com isso, gera emprego e renda. Através da venda, os voluntários também recebem uma porcentagem das vendas, ou seja, é uma oportunidade de trabalho dentro da comunidade. Isso sem falar da oportunidade de termos experiências como essa do ‘Cartografia dos Sentidos’ que nos permite um olhar diferente para as pessoas que tem o Pantanal na sua rotina”, afirma a viveirista de São Pedro de Joselândia, Maria Benedita da Silva.
A Aquarela Pantanal é financiada pelo: 1) Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), por meio do Projeto Estratégias de Conservação, Recuperação e Manejo para a Biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), com as agências Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como implementador e o Fundo Brasileiro de Biodiversidade (FUNBIO) como executor; e 2) DoB Ecology, via Programa Corredor Azul da Wetlands International.
Cartografia dos Sentidos
O Projeto foi lançado em 2010 na cidade de Natal (RN), pelo Instituto Casadágua e Estúdio de Criação, e já criou uma variedade de exposições em formato de laboratório colaborativo em todo o Brasil. De acordo com o antropólogo Maurício Panella, o objetivo central desta edição do projeto é permitir ao público uma imersão em seus territórios, patrimônios e memórias afetivas. “A ideia é que as pessoas pensem no que desejam para o Pantanal e para as comunidades que fazem parte dele, interagindo, criando e refletindo sobre as realidades do seu território”, concluiu o artista.
Comunicação/ Wetlands International Brasil