Até o dia 03 de janeiro, será possível contribuir com a campanha de financiamento coletivo do livro ilustrado A Guerreira Potira, produzido de forma independente em Campo Grande (MS). Voltado ao público infanto-juvenil, a obra traz como protagonista a indígena Potira, conhecida da tradição oral brasileira. Nesta história original, ela ganha uma aventura própria ambientada no Cerrado, onde é acompanhada por seres da mata para salvar a natureza.
O livro foi escrito por Bianca Resende, formada em Letras pela UCDB, e ilustrado por Marina Torrecilha, que é ceramista e formada em Artes Visuais pela UFMS. Além disso, a obra foi revisada pela professora e historiadora Linda Terena, atualmente doutoranda em Antropologia na PUC e pertencente a uma das etnias indígenas encontradas em Mato Grosso do Sul. Ela também assina o prefácio.
Ao todo, o livro apresenta 18 ilustrações únicas, e assim como o conteúdo escrito, o material foi elaborado nos últimos dois anos a partir de pesquisas sobre a fauna e flora brasileiras e a cultura de diferentes povos indígenas. “Ilustrar Potira foi como produzir um acervo cheio de pesquisas que alinham diversas informações em uma obra original brasileira. Como ilustradora, meu foco era passar a sensação de que o leitor pudesse se sentir incorporado com os personagens na mata, focando no Cerrado, região que sou familiarizada pois é onde nasci e vivo”, afirma a ilustradora, Marina Torrecilha.
Potira e os demais personagens da obra pertencem ao folclore brasileiro. Todos estão catalogados no livro “Compêndio Seres da Mata – Um Olhar Informal sobre o Folclore Brasileiro”. A escritora Bianca Resende enfatiza que a proposta com o trabalho é trazer novas perspectivas. “O livro tem uma história bastante enigmática cheia de aventura e ilustrações bonitas e mágicas. Pensei essa versão alternativa para a lenda oral da Potira querendo dar a possibilidade de uma leitura prazerosa, mas que também respeite os povos originários. Quero dar às crianças e jovens a perspectiva que não tive quando criança”, disse.
Escola Municipal será apoiada
Como o livro apresenta uma mulher indígena como protagonista, a proposta é contribuir para a valorização da cultura dos povos originários. Por isso, a equipe do projeto firmou parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande, para que parte da verba com a comercialização dos livros viabilizados na campanha sejam destinados à Escola Municipal Sulivan Silvestre Oliveira – Tumune Kalivono. A instituição está localizada em uma das primeiras aldeias urbanas do País: a Marçal de Souza, no bairro Tiradentes, na Capital.
A proposta é que os recursos apoiem a realização da Feira Indígena Cultural, evento organizado anualmente pela escola, onde mais de 20% dos estudantes são indígenas ou descendentes, principalmente da etnia Terena. Além disso, a instituição também irá receber alguns exemplares, para que possam ser lidos pelos alunos ou trabalhados pedagogicamente em atividades escolares.
“As crianças têm o direito de conhecer, respeitar e valorizar culturas tão ricas e mal retratadas no Brasil e no mundo. Não é justo para nós não conhecer e ter orgulho de uma sociedade forte que se estabeleceu e prosperou até ser injustamente colonizada, e nossa visão é a de mudar isso e trazer o lúdico através de estudos e compromisso com as diversas etnias para a sociedade, e a melhor forma que encontramos é através do livro e das escolas”, explica Marina Torrecilha.
Sobre o livro
A obra traz a história de Potira, conhecida por meio das tradições orais que explicam o surgimento dos diamantes nas minas do Centro-Oeste. Ela passa a chorar diamantes após perder o grande amor, Itagibá, em uma batalha. Porém, o livro trará uma versão alternativa, onde Potira se depara com a derrubada de castanheiras e embarca em uma saga para impedir o desmatamento. Nessa aventura, ela ganha a companhia de seres mágicos que a guiam, protegem, e aprendem com ela: Mbae, Mbuá, Guayi e Kaluanã. Nessa primeira parte, todos serão confrontados pelo poder das escolhas não egoístas, entendendo que o sofrimento da mata é algo maior e urgente.
Como doar
Ao apoiar a campanha, os doadores garantem brindes exclusivos, que incluem o livro (em versão digital ou física), marca páginas, pôsteres, cartões postais, entre outros. Ela possui três metas: na primeira, ao atingir R$ 14 mil, 500 exemplares serão impressos, sendo que 5% do valor de cada livro vendido na campanha será destinado ao projeto da escola. Já na segunda, ao arrecadar R$ 17 mil, a equipe conseguirá imprimir 1.000 unidades, e 5% do valor será doado. Por fim, caso seja “batida” a última meta, de R$ 25 mil, 2.000 exemplares serão impressos e 10% será doado.
Caso os valores sejam superiores aos arrecadados na campanha, a equipe irá investir na continuação da história de Potira, que poderá ganhar uma trilogia. Para doar, os interessados deverão acessar o link: https://benfeitoria.com/a-guerreira-potira-rwr. Mais informações sobre o projeto estão disponíveis nas redes sociais: @aguerreirapotira.
“Realizar o sonho de uma publicação é uma experiência de morte e vida, porque morre uma expectativa (a de publicar) e nasce outra (das pessoas abraçarem sua narrativa). Eu tenho uma ansiedade em relação a isso, mas é das boas: aquela de quando a gente consegue algo que quer muito, sabe?”, finaliza a escritora Bianca Resende.
Assessoria.