Na segunda-feira (18), o Brô MC’s fez história ao se apresentar no palco do G20, no Rio de Janeiro. Integrando o projeto O Futuro é Ancestral, idealizado pelo DJ Alok, o grupo indígena de rap levou ao evento uma mensagem potente de preservação ambiental e respeito aos direitos dos povos originários, em um encontro que reuniu líderes das principais economias globais para debater temas como sustentabilidade, mudanças climáticas, fome e pobreza.
Quando os primeiros acordes de “Jaraha” ressoaram no palco do G20, uma energia pulsante tomou conta do ambiente. O ritmo do rap, entrelaçado com os cantos ancestrais indígenas, parecia carregar o espírito das florestas e dos rios do Brasil diretamente para o coração do evento. Cada batida parecia um pulsar do planeta, lembrando a todos que aquele não era apenas um espetáculo, mas um chamado urgente por mudança.
“Estar aqui é mais do que um marco na nossa carreira, é uma oportunidade única de mostrar ao mundo que as soluções sustentáveis já existem e que nossos povos são pioneiros nelas”, afirmou Clemerson Batista. “O G20 não pode ignorar a urgência de proteger as terras indígenas, fundamentais para o equilíbrio do planeta”.
O público, composto por líderes mundiais, empresários e ativistas, foi arrebatado pela intensidade da apresentação. Estavam com os olhos fixos no palco, absorvendo cada palavra como se tentassem internalizar o peso das mensagens cantadas. “Jaraha” não era apenas uma música; era uma jornada pelos sonhos, lutas e histórias de um povo que, apesar de séculos de adversidades, continua a lutar pela preservação da sua cultura e do planeta.
Ao lado de Alok, cuja música eletrônica trouxe uma dimensão contemporânea às batidas tradicionais, os Brô MC’s criaram um momento que transcendeu fronteiras culturais e linguísticas. A fusão de beats eletrônicos com as vozes indígenas parecia simbolizar a união do passado com o presente, uma ponte entre o que é ancestral e o que está por vir. O encerramento da performance foi ovacionado, não apenas como reconhecimento ao talento, mas também ao poder transformador daquela mensagem.
Mais do que uma apresentação, aquele instante foi um lembrete de que a arte pode ser uma ferramenta de resistência e conexão. No palco do G20, o Brô MC’s mostrou que a música não é apenas entretenimento, mas um veículo capaz de mudar percepções, unir mundos e plantar sementes de um futuro onde a ancestralidade é reconhecida como a raiz de um planeta mais justo e sustentável.
O Futuro é Ancestral
O projeto, que reúne mais de 60 músicos indígenas de oito etnias de todo o Brasil, foi central para a apresentação no G20. O álbum é uma fusão de beats eletrônicos, cantos tradicionais e a música de diversos artistas, criando uma ponte entre o contemporâneo e o ancestral. A iniciativa não só dá visibilidade à cultura indígena, mas também reverte royalties diretamente para os músicos, promovendo autonomia e reconhecimento.
O Futuro é Ancestral é uma ferramenta de transformação, uma celebração das riquezas culturais do Brasil e um convite ao mundo para reconhecer o papel dos povos indígenas na preservação ambiental.
O palco do G20 e o simbolismo da luta indígena
O G20, que este ano tem como tema “Um Futuro Justo e Sustentável”, serviu como palco para que os Brô MC’s fossem mais do que artistas: tornaram-se porta-vozes de uma causa global. A presença do grupo indígena entre líderes políticos e econômicos reforça a urgência de integrar as pautas indígenas às decisões internacionais.
Segundo Bruno Vn, membro do Brô MC’s, a música é um meio de amplificar essa mensagem. “Queremos que os líderes ouçam não só a batida da nossa música, mas também a batida do coração da Terra. O tempo de agir é agora, e nossos povos têm o conhecimento necessário para construir um futuro mais equilibrado”, frisou.
Uma trajetória de conquistas
O Brô MC’s, formado por Kelvin Mbaretê, CH, Bruno Vn e Clemerson Batista, acumula 15 anos de carreira e marcos significativos. Além da apresentação no G20, o grupo já se apresentou no Rock in Rio, no Grammy Museum, no Global Citizen em Nova York e recentemente no Grammy Latino.
O grupo também está prestes a inaugurar o primeiro estúdio de música dentro de sua aldeia em Dourados (MS) e prepara o lançamento de um novo álbum, consolidando-se como referências na música e na representatividade indígena