Os ataques à imprensa e as agressões diretas contra jornalistas estão se tornando cada vez mais frequentes. Vivemos um clima de ódio e uma onda negacionista, patrocinada principalmente pelo presidente da república e seus apoiadores, que tentam a todo instante desqualificar e calar o jornalismo profissional.
Somado a isso, no contexto da pandemia, trabalhadores jornalistas não raras vezes, arriscam a sua integridade física em busca de levar a informação precisa e correta à população, e recebem em troca agressões e intimidações durante o exercício legítimo de sua profissão. Tais ataques representam não só um atentado à liberdade de imprensa, mas à democracia e ao direito fundamental do cidadão à informação.
Na quinta-feira da semana passada (18), a repórter Luana Rodrigues e o cinegrafista Sergio Saturnino foram execrados pouco antes da entrada ao vivo para o jornal MSTV – 1ª edição. O assunto da pauta era a superlotação no Hospital Regional e a falta de profissionais de saúde. Enquanto se preparavam, uma senhora se aproximou, fez o sinal da cruz e disse: “Deus me livre desse povo que só fala de Covid”.
A situação foi relatada ao vivo pela repórter, que respondeu à crítica: “a gente fala e vai continuar falando”. No mesmo programa, a apresentadora do jornal, Bruna Mendes, não conseguiu segurar a emoção ao relatar a condição de falta de leitos nos hospitais de Mato Grosso do Sul. A reação só evidenciou algo já esquecido por alguns: jornalistas também são humanos e estão lidando com o desgaste físico e emocional na cobertura da pandemia, além de muitas vezes enfrentarem as dores de suas próprias perdas pessoais.
Nesta quinta-feira (25), mais um ataque contra jornalistas. As equipes do jornal Midiamax e da TV Morena aguardavam o encerramento de uma reunião na prefeitura sobre o decreto estadual que intensificou medidas restritivas, quando foram hostilizadas por integrantes de um acampamento bolsonarista, instalado próximo ao local. Sob o coro de “Globo Lixo”, “Midiamax lixo” e “vagabundos”, os manifestantes tentavam intimidar e impedir a cobertura dos veículos.
Com as agressões verbais dos bolsonaristas, as equipes dos dois veículos tiveram que se afastar do local e a TV Morena suspendeu a entrada ao vivo. O acampamento estava protestando contra o lockdown e as medidas de restrição para conter a Covid-19. Importante ressaltar que próximo ao local, outra manifestação contra os decretos estadual e municipal de antecipação de feriados acontecia por organização da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), mas estes não participaram dos ataques.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindjor-MS) repudia essas agressões, frutos da polarização cega que se alastra em nossa sociedade, e da disposição autoritária de quem não aceita o contraditório. A entidade está em contato com a organização Juristas pela Democracia para organizar uma rede de apoio, e oferecer assistência jurídica aos profissionais que forem vítimas de agressões e intimidações durante o seu trabalho.
Veja os vídeos dos ataques abaixo:
Assessoria Sindjor.
Meia dúzia que estão recebendo rachadinhas