Ainda que seja uma doença conhecidamente mais relacionada à população idosa, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas abaixo dos 60 anos com o mal de Parkinson vem aumentando significativamente nos últimos anos. Estima-se que, entre 10% e 15% dos pacientes diagnosticados, tenham menos de 50 anos e cerca de 2%, tenham menos de 40.
O neurologista e CEO do Instituto de Educação Médica (IDOMED), Silvio Pessanha Neto, explica que os casos, em adultos jovens, não têm causa estabelecida, mas acontecem principalmente quando esses apresentam mutações genéticas que comprometem a adequada atuação da dopamina nos neurônios, que é a que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) no cérebro. Questões ambientais como a exposição crônica a poluentes, ou mesmo fatores associados a substâncias presentes em alimentos, são outras possibilidades apontadas por estudos para os diagnósticos de Parkinson em adultos jovens.
Segundo o especialista, essa tendência preocupa os profissionais da área, já que a doença pode ter um impacto significativo na qualidade de vida e produtividade dos pacientes. “O Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta principalmente as funções motoras, causa tremores nos membros em repouso, lentidão de movimentos, rigidez muscular assimétrica (atinge, em geral, mais intensamente um lado do corpo), desequilíbrio, além de alterações na fala e na escrita, podendo causar alterações de humor, como ansiedade e depressão”, explica Pessanha.
Dia de conscientização
No Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Parkinson (ABP), cerca de 200 mil pessoas sofrem com a condição, sendo que a maioria dos casos é diagnosticada em pessoas com mais de 60 anos de idade. Inclusive, foi estabelecido o mês de abril como mês da conscientização da Doença de Parkinson, uma data para aumentar a visibilidade sobre a condição neurológica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.
Sílvio Pessanha destaca, ainda, que a Doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, perdendo apenas para a Doença de Alzheimer.
Tratamento
O neurologista afirma que a doença não tem cura, mas há possibilidade de controlar e estabilizar a doença, principalmente quando o diagnóstico ocorre no seu início. Ele aposta que, no futuro próximo, os estudos e pesquisas científicas possibilitem o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes.
“Hoje, os pilares do tratamento são os medicamentos para a reposição da dopamina, a reabilitação com fisioterapia e atividades físicas. Em casos específicos (não necessariamente para todos), temos como opção da cirurgia, que é realizada com um implante para estimulação intracraniana, que, em muitos casos, oferece um resultado bem satisfatório, quando indicada corretamente. Esses estimuladores, que chamamos de DBS (da sigla em inglês para Deep Brain Stimulation), funcionam com pequenos eletrodos localizados no interior da área do cérebro que modula as áreas responsáveis pelos movimentos. O interessante de destacar é que o paciente fica acordado durante o procedimento, respondendo a perguntas e realizando tarefas, para garantir que os eletrodos estejam posicionados corretamente, visando o bom resultado da cirurgia”, finaliza Pessanha.