A energia limpa está cada vez mais presente em nosso dia a dia. Basta observar os telhados das casas e dos comércios para notar a expansão dos painéis solares nos últimos anos em todo o país. Os números mostram a dimensão desse crescimento: a geração de energia elétrica fotovoltaica bateu recorde em janeiro deste ano, com 7,4% da demanda nacional sendo suprida por esse tipo de fonte.
O aumento da produção e do consumo de energia a partir de matrizes renováveis, como solar, eólica e de biomassa (matéria orgânica), revela uma maior preocupação ambiental por parte da sociedade. Há um esforço coletivo em escala global pela redução do uso de energia de origem fóssil, como o petróleo, que gera poluição e desequilíbrio ao meio ambiente.
As futuras gerações têm à frente o enorme desafio de encontrar alternativas para produzir energia limpa e consumir energia elétrica de forma consciente, sem desperdícios. Na Escola Sesi, os alunos do ensino fundamental e médio trabalham esses conceitos em projetos práticos, que integram o conhecimento de várias disciplinas.
Simulador mostra em tempo real o consumo de energia elétrica em casa
Assumir o controle sobre os gastos com a conta de luz é o objetivo do projeto desenvolvido pela equipe Capitech, da Escola Sesi de Campo Grande. Os alunos criaram um aplicativo que simula o ambiente de uma casa e apresenta o consumo dos eletrodomésticos em tempo real. Manuela Zandonadi Andrade Cunha de Medeiros, do 2º ano do ensino médio, explica o funcionamento do simulador.
“Criamos sala e cozinha virtuais, e o usuário pode ativar ou desativar todos os itens que consomem energia, como geladeira, TV, lâmpadas e outros. O aplicativo mostra o consumo em kWh e também em reais. Ao final de um período, dá para saber quanto foi gasto naquela residência. Também criamos uma funcionalidade que altera as bandeiras tarifárias conforme a vigência na conta de luz”, relata a aluna.
A ideia da equipe é permitir que os usuários saibam quanto foi consumido individualmente pelos eletrodomésticos e, com isso, ter maior controle sobre o consumo mensal de energia elétrica. O projeto continua em desenvolvimento, como conta a estudante Larissa Palácios Ferraz Torres, do 1º ano do ensino médio.
“Uma das adaptações para o próximo torneio é adaptar o aplicativo para uso em residências que contam com placa solar. Já estamos planejando marcar entrevistas com profissionais do ramo. Também queremos trazer dicas de consumo consciente no ambiente do aplicativo, para conscientizar o usuário”, explica.
A professora Flávia Andrade, articuladora de robótica da Escola Sesi de Campo Grande, diz que os alunos têm sido incentivados a levar o projeto do simulador a um público cada vez maior. “Durante a seletiva regional do Festival Sesi de Robótica, em Brasília, a Capitech foi bastante elogiada na apresentação do projeto aos juízes. Queremos dar continuidade ao projeto nas feiras científicas, como Fetec e Febrace”, afirma.
Alunos projetam gerador de energia movido a hidrogênio
A equipe Gigavolts leva a energia no nome. É com essa alta voltagem que os estudantes elaboram um projeto para utilizar o hidrogênio como combustível. Renovável e praticamente inesgotável na natureza, o elemento ainda tem a vantagem de não ser poluente.
Vitória Chaves, do 1º ano do ensino médio, explica que a ideia é criar um gerador elétrico movido a hidrogênio e alimentado por placa fotovoltaica, em substituição aos geradores comuns, movidos a diesel. “A placa é conectada a duas barras de grafite mergulhadas em um recipiente de água com sal. A corrente elétrica produz a eletrólise, que libera o gás hidrogênio. Esse gás sofre uma combustão, que move pistões que geram a energia mecânica, convertida em seguida em energia elétrica”, detalha a aluna.
Para preservar a energia gerada no processo, a eletricidade precisa ser armazenada em uma bateria. A escolha do componente da bateria também leva em conta o princípio de ser pouco poluente, como conta a estudante Mariana Andrea, do 1º ano do ensino médio.
“Tudo isso passa para uma bateria de nióbio, um novo minério que está sendo estudado e que possui vida útil de até 60 anos, bem mais do que o lítio, usado atualmente e com vida útil de apenas sete anos. Sem contar que agride menos o meio ambiente”, diz Mariana.
Batizado de “Giga Gerador”, o projeto da Gigavolts foi apresentado pelos alunos na seletiva regional do Festival Sesi de Robótica. O professor Renato Alvarenga, articulador da equipe, relata que os estudantes aproveitaram até as férias escolares para se dedicarem ao projeto. “No fim do ano passado, vários alunos fizeram cursos do Senai sobre energia renovável e até pegaram certificados. A educação tecnológica transformou a turma toda e fez com que eles gostassem de estudar”, diz.