Despertador tocou e, para muitos, a primeira luz que raia não é a do sol, mas sim a do celular. Não é à toa que o Brasil quase que lidera o ranking quando o assunto é tempo de tela, perdendo apenas para a África do Sul. De acordo com relatório publicado em janeiro deste ano pela agência We Are Social em parceria com a empresa de monitoramento de mídia on-line Meltwater, os brasileiros passam nove horas e meia conectados à internet, ou seja, mais de um terço do dia é gasto on-line.
O fato é que vivemos cercados de informação de alta velocidade que modificam e transformam nossa realidade, sem contar que a tecnologia está presente em cada momento da nossa vida. Mas como será o futuro? Qual o impacto disso tudo em nossa saúde?
Esgotamento digital, o que é?
A psicóloga Francisca Flávia Costa explica que o termo se refere a um esgotamento físico e emocional, causado pelo excesso do consumo de informações digitais, que aumenta a possibilidade do desenvolvimento de transtornos mentais, como:
– Ansiedade
– Depressão
– Dependência tecnológica
– Fobias
“Por isso, é preciso estar atento a sinais como hiperconectividade (necessidade de estar sempre conectado), dificuldade de concentração, cansaço, estresse, tensão muscular, dores de cabeça e aumento dos sintomas de ansiedade”, acrescentou Francisca.
A boa notícia, de acordo com a psicóloga, é que esse adoecimento pode ser prevenido e, para isso, é necessário um filtro, selecionar muito bem aquilo que vale a pena nos conectarmos na internet, tendo sempre acesso a fontes seguras de informação e focando em qualidade, não na quantidade. Fazer uma coisa por vez também é essencial para este processo.
Até onde o uso da tecnologia é saudável?
Psiquiatra da Unimed Campo Grande, Dr. Marcos Estevão explica que o mundo evolui e não tem como segurarmos essa evolução, pois a tecnologia vem a serviço do homem e o homem investe neste serviço. “O que precisamos ver é o lado positivo e o negativo”, pontua o especialista.
Equilíbrio
“O jovem de hoje não consegue imaginar como era a vida com orelhões e telefones fixos. Quantos de nós ficamos extremamente angustiados se esquecemos o celular em casa? É naquele aparelho que as pessoas pensam que tem o contato com o mundo. A pandemia piorou muito isso, as pessoas ficaram presas em casa e o consumo da tecnologia foi muito maior. Além disso, é preciso trabalhar essa questão desde a infância. Está começando a ficar fácil para a geração de pais novos deixarem os filhos na tecnologia, porque a casa fica calma, dá menos trabalho, e ali a interação entre família já começa a ser diminuída. Tudo tem que ter parcimônia! A tecnologia veio para ajudar, mas precisamos entender que às vezes ela nos atrapalha muito. Os pais precisam também entender que devem ter a relação de família, todos juntos em casa. Essa afetividade precisa ser estimulada para que essa criança possa depois partir para uma rede social podendo colocar um pouquinho desse afeto que recebeu para as outras pessoas”, concluiu Estevão.