O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (25) uma ordem executiva que abre caminho para a venda do TikTok nos EUA.
A rede social chinesa é apontada pelos EUA como um risco à segurança nacional porque permite à China coletar dados e espionar usuários americanos. A ByteDance, dona do TikTok, nega a acusação.
Pelo decreto, a operação do TikTok no país ficará sob responsabilidade de uma nova empresa americana, que terá de concluir a transição até 16 de dezembro. Essa companhia terá sede nos EUA e não poderá ter mais de 20% de capital estrangeiro.
O documento determina ainda que a nova divisão terá controle sobre algoritmos, código e decisões de moderação de conteúdo. Os dados de usuários deverão ser armazenados em servidores administrados por empresas americanas, com monitoramento de parceiros considerados confiáveis.
Trump afirmou que o presidente da China, Xi Jinping, aprovou o acordo para a venda da rede social. “Falei com o presidente Xi. Tivemos uma boa conversa, contei a ele o que estávamos fazendo, e ele disse para prosseguirmos”, disse.
A embaixada da China na capital dos EUA e o TikTok ainda não se manifestaram.
O que diz a ordem de Trump
A nova empresa terá sede nos EUA e menos de 20% de sua propriedade será de entidades estrangeiras, como a divisão chinesa do TikTok
A nova empresa terá o controle dos algoritmos, do código e das decisões de moderação de conteúdo da rede social nos EUA
Os dados confidenciais de usuários nos EUA não poderão ficar sob controle de um adversário estrangeiro, e sim em um ambiente de nuvem administrado por uma empresa americana
Parceiros confiáveis dos EUA deverão monitorar atualizações de software, algoritmos e fluxos de dados, além de “retreinar” algoritmos que usam dados de usuários dos EUA
“Essas salvaguardas protegeriam o povo americano do uso indevido de seus dados e da influência de um adversário estrangeiro, ao mesmo tempo em que permitiriam que milhões de espectadores, criadores e empresas dos EUA que dependem do TikTok continuem a usá-lo”.
TikTok é avaliado em US$ 14 bilhões pelos EUA
O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, disse que a nova empresa, que herdaria os 170 milhões de usuários do TikTok nos EUA, valeria em cerca de US$ 14 bilhões.
O valor é considerado baixo, segundo analistas ouvidos pela Reuters. A rede social estaria avaliada em US$ 30 bilhões ou US$ 40 bilhões em abril de 2025, segundo Dan Ives, analista da Wedbush Securities.
A ByteDance, controladora do TikTok, é avaliada em US$ 330 bilhões, de acordo com a recompra de ações por seus funcionários. Uma pequena porcentagem desse valor se refere ao valor do TikTok.
“Houve alguma resistência do lado chinês, mas o fundamental que queríamos alcançar é manter o TikTok em operação. Mas também queríamos garantir a proteção da privacidade dos dados dos americanos, conforme exigido por lei”, disse Vance.
O TikTok está na mira de autoridades americanas desde o primeiro governo de Donald Trump. Em 2020, o republicano tentou impedir que novos usuários baixassem o aplicativo e planejava banir as operações do app, mas perdeu uma série de batalhas judiciais sobre a medida.
Em abril de 2024, o então presidente Joe Biden sancionou uma lei que ordenou a venda do TikTok nos EUA até janeiro de 2025.
Na campanha para a eleição de 2024, Trump mudou de posição e passou a defender que o TikTok continuasse operando nos EUA. Em seu mandato atual, iniciado este ano, o republicano adiou o prazo em janeiro, abril, junho e setembro.
Quem pode comprar o TikTok nos EUA?
Um grupo de três investidores, incluindo a gigante de tecnologia Oracle e a empresa de capital privado Silver Lake, estaria disposto a comprar 50% do TikTok nos EUA, segundo fontes da Reuters.
A agência também afirmou que um grupo de acionistas da ByteDance ficaria com outros 30% da nova empresa. Entre os investidores da companhia chinesa, estão os fundos de investimento Susquehanna International Group, General Atlantic e KKR.
Mas o grande interesse de investidores pode fazer essa composição mudar. O fundo de investimentos dos Emirados Árabes Unidos MGX é outro que pode entrar no negócio, segundo fontes da CNBC.
Fonte: G1