O programa “Família Acolhedora”, gerenciado pela Prefeitura de Campo Grande, deverá concluir 2022 com pelo menos 22 crianças e adolescentes acolhidos em lares temporários. No entanto, o número poderá aumentar, já que o programa funciona de forma ininterrupta e acolhe os menores afastados do vínculo familiar devido a medida protetiva decretada pelo Judiciário.
A equipe do serviço também encerrou as capacitações do ano nesta segunda-feira (12), com a participação da enfermeira Sinthia Bezerra e da terapeuta ocupacional Jacqueline Souza, que atuam na UAICA I, da Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS). Os profissionais orientaram as famílias acolhedoras sobre os cuidados com a saúde dos menores, encaminhamentos e importância de observar o calendário de vacinas, além de noções de primeiros socorros.
Durante as capacitações, também são abordados temas e relatos que ajudam no conhecimento durante o acolhimento temporário.
A secretária-adjunta de Assistência Social, Inês Mongenot, entregou os certificados de conclusão da capacitação e ressaltou as parcerias que garantem a excelência do serviço. “Estamos muito gratos por esse apoio e empenho de todos vocês, inclusive de outras secretarias da gestão. Sem esse respaldo nosso trabalho não seria viável”, disse.
No momento, dez famílias estão cadastradas e aptas a receber as crianças e adolescentes encaminhadas pelo Judiciário, através da parceria entre a Arquidiocese de Campo Grande e o Conselho das Igrejas Evangélicas. Os menores permanecem nos lares provisórios até que a Justiça determine sua reintegração à família de origem ou adoção.
Recém inserida no “Família Acolhedora”, a cabeleireira Daniela Matos dos Reis e a filha Geórgia Reis de Oliveira, de 21 anos, souberam do programa por meio de matéria publicada no site da Prefeitura e decidiram participar do processo. Após cumprirem as etapas exigidas, as duas terão um Natal diferente este ano. As duas tiveram a oportunidade de acolher, há duas semanas, duas irmãs, de nove e 11 anos, que foram recebidas com presentes, roupas e calçados novos e um quarto reformado especialmente para elas.
Segundo Daniela, a adaptação tem sido tranquila para ambas as partes e as meninas já estão totalmente integradas no lar temporário e quando não estão estudando, passam parte do dia se divertindo com os cães que a cabeleireira resgata, já que ela também atua como protetora animal.
Para mãe e filha, as capacitações oferecem, principalmente, estrutura emocional para as famílias acolhedoras. “Meu intuito é ajudar várias crianças, por isso já viemos com essa mentalidade, mas para muitas famílias a questão do apego é complicado. Está sendo uma experiência única. Eu estou aprendendo a ser mais paciente e minha filha assumiu o papel de irmã mais velha”, ponderou.
Como funciona
As famílias acolhedoras cadastradas são pessoas da comunidade, habilitadas e acompanhadas pela equipe técnica do Serviço e pelo Judiciário, que acolhem voluntariamente em suas casas por período provisório, visando oferecer cuidado, proteção integral e convivência familiar e comunitária aos acolhidos.
Para ser família acolhedora é preciso ter entre 21 e 60 anos, não ter cadastro de intenção de adoção na Vara da Infância e Juventude, apresentar as certidões de nada consta, dentre outros requisitos que são passados na inscrição para o serviço.
Ainda para ser efetuado o cadastro, são realizadas quatro etapas, sendo a entrega de documentos, atestados e certidões, visita domiciliar, entrevista com Judiciário e capacitação técnica para o serviço.
As famílias acolhedoras, independente da condição econômica, recebem uma bolsa auxílio de um salário mínimo, por criança ou adolescente acolhido durante o período de acolhimento.
Ao acolher a criança ou adolescente a família recebe a guarda provisória do menor e deve acompanhá-lo e garantir o acesso à educação escolar, cuidados médicos, alimentação, vestuário, lazer, entre outros.