O Grupo UBU retoma sua vocação itinerante e lança o projeto Escambo UBU – Fronteiras do Mato Sul, uma travessia cultural por 12 cidades brasileiras com o propósito de transformar fronteiras em pontos de encontro. A proposta, contemplada pelo edital Rede das Artes – Programa de Difusão Nacional da Funarte (Fundação Nacional de Artes), por meio da Bolsa Myriam Muniz de Teatro, aposta na democratização do acesso ao teatro em territórios onde a arte cênica raramente chega – mas onde a cultura pulsa, espera e resiste.
A segunda parada do circuito acontece nesta terça-feira (22), em Rondonópolis, com apresentação na Escola Municipal de Educação Básica em Tempo Integral Professora Virgilina de Melo Ferreira, uma escola de tempo integral que atende cerca de 200 crianças entre 6 e 10 anos, com atividades pedagógicas e artísticas.
Para o coordenador de Artes Cênicas da Secretaria Adjunta de Cultura e Juventude de Rondonópolis, Dheysiel Barbosa, receber o projeto é uma oportunidade de transformação.
“Rondonópolis é uma cidade carente de ações culturais. Aceitar participar deste projeto é colaborar para que mais pessoas tenham acesso a espetáculos de qualidade. O projeto vai para uma comunidade extremamente vulnerável, e muitas crianças terão a chance de assistir a um espetáculo pela primeira vez”, afirma.
Em termos de cena teatral, Rondonópolis ainda tem um cenário tímido do ponto de vista do coordenador que, no entanto, vê em parcerias com a classe artística a oportunidade para reverter esse quadro.
“O acesso da população a espetáculos, seja nas escolas ou nas comunidades, ainda é difícil. Mas a gestão que assumiu neste ano tem como objetivo mudar essa realidade e quando recebemos o contato do Grupo UBU aceitamos o convite por ter esse viés sociocultural”.
O Grupo UBU apresentará dois espetáculos durante o circuito: “Pelega e a Porca Prenha – Na Mata do Pequi”, uma fábula popular inspirada nos mitos do cerrado, e “Uma Moça na Cidade”, que narra, com lirismo e crítica social, as buscas e desencontros de uma jovem do interior. Além das apresentações, o projeto inclui vivências com professores, artistas e agentes culturais, promovendo o encontro entre arte e educação, afeto e realidade local.
Há décadas, o Grupo UBU atua em cidades que não possuem teatros convencionais, ocupando escolas, praças e centros comunitários. Essa escuta atenta das comunidades sempre guiou a trajetória da companhia.
Em turnê – A estreia da circulação foi no começo de abril, em Corumbá (MS), na fronteira com a Bolívia, dentro da programação do evento “Abril Livro”. Para o diretor do grupo, Anderson Bosh, a estreia foi emblemática.
“Apresentamos ‘ Pelega e a Porca Prenha – Na Mata do Pequi ’ no Moinho Cultural, um espaço reconhecido internacionalmente, com um público misto de boliviano e brasileiro, algo que reafirma nosso compromisso de fazer teatro como ponte entre culturas. Agora, seguimos animados para Rondonópolis, em Mato Grosso, com este mesmo espetáculo”.
Com financiamento da Funarte, vinculada ao MinC – Ministério da Cultura e do Governo Federal, e apoio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), da Setesc e do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, o projeto reafirma que o teatro não conhece muros — ele nasce para atravessá-los.
Além de Rondonópolis e Corumbá, o projeto estará nas cidades de Ponta Porã, Chapadão do Sul, Mundo Novo, Paranaíba, Aparecida do Taboado e Sonora (MS), além de Chapadão do Céu (GO), Terra Roxa (PR), São Sebastião do Pontal (MG) e Jales (SP) — formando uma verdadeira costura de territórios, histórias e afetos, com a arte como fio condutor. Acompanhe a circulação e os bastidores do projeto pelo Instagram: @grupoubu.