Nesta segunda-feira (5), completou pouco mais de uma semana que a candidata a deputada estadual Val Eloy Terena está andando pelas aldeias de Dourados. Única mulher indígena que disputa uma vaga na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, ela tem encontrado apoio e parcerias por onde anda. Na segunda maior cidade do Estado, ela andou pelas aldeias Jaguapiru, Bororó, retomadas, quilombo Picadinha e visitou artistas no Sucata Cultural.
Com mais de 30 mil indígenas vivendo na cidade, Val focou sua campanha em convencer os “parentes” a aldear a política em Mato Grosso do Sul, projeto lançado pela APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil). Os indígenas das aldeias da cidade têm recebido a candidata de braços abertos e prometem apoiá-la em peso até as eleições.
Adesivos nas casas, carros e motos já podem ser vistos por lá. “Vivemos numa situação muito difícil aqui, por isso ter uma candidata indígena, uma mulher do nosso povo, é um alento. Precisamos ter representatividade no meio político, porque só gente de nossa gente é que vai saber o que sofremos e que vai falar por nós, trazer benefícios para nós. Hoje ninguém faz isso”, afirma a rezadeira Antônia Aparecida.
Uma das demandas mais ouvidas pela candidata, é em relação à saúde. Muitos reclamam que não tem postos próximo às aldeias e que não são bem tratados pelos médicos que os atendem. “Muitas vezes o médico vem à nossa aldeia e nos atende de dentro do carro, sem olhar para as pessoas. Para conseguir um tratamento precisamos ir para a cidade, às vezes até viajar e eu não tenho mais idade para isso”, relata a rezadeira.
Outra reclamação constante entre a população originária da cidade é sobre a educação. Falta de estrutura e corpo docente indígena, para que tenha o ensino das línguas maternas, são as principais solicitações feitas pelos moradores. “Nós precisamos de mais escolas, ônibus escolares, que elas tenham uma melhor estrutura. E temos que ter professores indígenas, já temos muitos formados, agora eles precisam ser contratados para que nossa cultura não morra e tenham ensino nas duas línguas, no português e na nossa”, queixa Mayse Kaiowá.
Dentro da ALMS, Val Eloy afirma que lutará pelas demandas de cada aldeia do Estado. “Não chego nas aldeias com propostas prontas, como fazem os brancos, que ainda não as cumprem. Gosto de escutar, dialogar com meus ‘parentes’, para que assim possa construir propostas para levar ao governo, que atendam seus anseios e reais necessidades. Por isso precisamos de representatividade na Casa de Leis e em todos os espaços políticos, para que as políticas públicas atendam a quem realmente precisa”, frisa a candidata.
Universitários, quilombolas e artistas
Val Eloy também conversou com universitários indígenas durante a semana, muitos estudam na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). Os estudantes também declararam apoio à candidata, principalmente as mulheres. “É um sonho que está muito perto de ser realizado. Ter uma mulher de nosso povo lá dentro, para que lute por nós vai ser um grande feito para os povos indígenas de Mato Grosso do Sul”, ressalta.
E não é só da população indígena que vem apoio para a candidata. O artista circense Júnior de Oliveira gostou de conhecê-la e disse que ela terá seu apoio nessas eleições. “Precisamos de um cenário político diversificado e hoje não temos isso, nas últimas eleições só foram eleitos homens para ALMS. E sei que uma representante dos povos indígenas também lutará pela cultura”, reflete.
No fim de semana, a candidata ainda visitou o quilombo Picadinha, na zona rural de Dourados. Por lá, ela também escutou as necessidades dos moradores e conversou sobre representatividade na política. A partir desta terça-feira (6), Val Eloy segue visitando aldeias do Sul do Estado, pelas cidades de Caarapó, Coronel Sapucaia, Amambai e outros municípios da região.
Assessoria.