Retratar as múltiplas riquezas do Pantanal sob a ótica artística do teatro e da música clássica. É com essa proposta pra lá de ousada que, no dia 26 de agosto, aniversário de Campo Grande, estreia a obra “Opereta Pantaneira”, às 20h, no Teatro Glauce Rocha, com entrada franca. Espetáculo que faz parte da programação da 15ª edição do Encontro com a Música Clássica, que acontece de 22 a 26 de agosto, na Capital.
A obra retrata o bioma tendo por ponto de partida os mitos, lendas e “causos” que permeiam este território que é tão conhecido mundo afora. Para compor o enredo da trama são utilizados os recursos do teatro e da música de concerto, o que classifica o trabalho como uma opereta – um gênero mais curto e leve do que uma ópera original. Um convite ao público para se aproximar do universo das partituras, mesclando o erudito ao popular.
Da dramaturgia ao enredo musical, tudo parte da criatividade dos artistas envolvidos no espetáculo, como explica o diretor teatral, Breno Moroni. “Trata-se de um trabalho totalmente inédito, com texto de minha autoria e música composta por Martinelli e seus artistas. O texto teatral que existe na obra, escrevi há mais de dez anos quando estava em Lisboa, Portugal. A ideia veio dessa vontade de falar do Pantanal de um modo que se a gente for apresentar no Japão, por exemplo, a pessoa vai entender, se encantar”. Um modo ousado de experimentar um dos muitos formatos do fazer teatral. “ O teatro se manifesta de diversas formas, mas, algumas são pouco experimentadas no Estado. A opereta é uma delas, razão que nos motiva a mergulhar neste trabalho”.
Outro grande diferencial do espetáculo é a sua carga musical que conta não apenas com arranjos autorais como, ainda, oferece ao público o privilégio de apreciar, ao vivo, a performance da Orquestra Sinfônica Municipal de Campo Grande . No palco, estarão 11 músicos, incluindo o maestro Eduardo Martinelli, que trocará a batuta pelo violão para tocar ao lado dos colegas.
“Apenas a última música não é inédita. Todas as outras são criações autorais, desde as canções até as partes instrumentais”, garante Martinelli. Um espetáculo que encontrou o ritmo rápido graças a fluidez e experiência de toda a equipe. “O trabalho ganhou o formato de uma ópera que é contar uma história cantando. Antes disso, estava com uma cara de teatro musical, onde as canções ficavam em segundo plano. A parte da música se transformou e, agora, a orquestra é protagonista, assim como os três atores em cena”.
A voz é outro elemento que ganha destaque na trama. Isso porque todas as atrações da 15ª edição do Encontro com a Música Clássica estão voltadas a ela. Daí uma programação pensada com coros, solistas (cantores de ópera e popular). Apresentação da cantora Tetê Espíndola, no dia 25 de agosto, e uma homenagem a Delinha, na sexta, dia 26.
Todo um arranjo de produção que casa perfeitamente com a proposta da Opereta Pantaneira. Algo que compartilha os holofotes entre os três atores – em cena – Fernando Lopes, Melissa Azevedo e Marta Cel, e a orquestra. Em meio ao texto e partituras, todos ganham seu papel cênico.
Na Opereta Pantaneira, o elenco tem seu percurso narrativo inspirado em gêneros musicais como Cururu do Pantanal, modas de viola caipira, músicas indígenas, andinas, guarânias paraguaias, que conduzem a trama onde os personagens contam e cantam histórias de amor, de terror, de magia e encantamento sob a imensidão do céu do Pantanal.
Uma proposta diferenciada de apresentação que trouxe grande satisfação para a cantora lírica Melissa Azevedo. “Quando recebi, por mensagem, o convite do Martinelli, fiquei muito honrada, ainda mais cantar e atuar com a temática Pantanal, sob direção teatral de Breno Moroni”, afirma ela que espera entregar o seu melhor ao público. “Os ensaios estão sendo gratificantes”.
Opinião que é dividida pela cantora Marta Cel que na obra, também, participa como atriz. “É um trabalho encantador, recheado de ternura, folclore e ao mesmo tempo cômico, com reflexões implícitas. As lendas refletem a cultura de um povo e reverenciar o Pantanal é uma forma de evidenciar as novas gerações qual o caminho, futuro, que esse bioma merece”.
Para colocar essa empreitada no palco, foram horas de ensaios. “A música não é só trilha sonora, cada nota importa na nossa encenação. Em contrapartida, nós, atores, também ditamos o ritmo dos músicos em momentos pontuais do espetáculo. Nos 40 minutos de apresentação, é uma intensa troca entre todos do elenco”, lembra o ator Fernando Lopes.
Sob texto e direção teatral de Breno Moroni, a Opereta Pantaneira conta no elenco com Marta Cel, Melissa Azevedo e Fernando Lopes. Na direção de arte Haroldo Garay, figurino de Tiana Sousa, iluminação Luiz Sartomen, produtora Carol Garcia e participação do bonequeiro Wilson Motta, que confeccionou dois tuiuiús, especialmente, para o espetáculo.
“O repertório da obra mistura as influências da música regional e da música de concerto, especialmente composta por Eduardo Martinelli, Rodrigo Faleiros e Ivan Cruz. Além disso, temos em cena uma intérprete de libras, atriz, que é a Karen Martins, que tem figurino, encenação, faz uma lavadeira de beira de rio”, conta Breno Moroni.
Toda a música é executada por integrantes da Orquestra Sinfônica de Campo Grande, sendo os seguintes músicos: Gleison Ferreira e Fábio Canela (violinos); Emanuel Caramaschi (viola); Marcelo Gerônimo (violoncelo); Jorge Cáceres (contrabaixo); Phillip Andara (flauta); Gabriel Domingues (fagote); Eduardo Martinelli, Rodrigo Faleiros e Ivan Cruz (violão, viola caipira, viola de cocho, percussão e charango) e Maria Rita Oliveira (piano).
Serviço
Estreia da Opereta Pantaneira – 15ª edição do Encontro com a Música Clássica
Data: 26 de agosto (sexta-feira)
Horário: às 20h
Local: Teatro Glauce Rocha – Campo Grande
Entrada Franca