A substituição de combustíveis fósseis ocupa espaço de destaque no debate sobre a redução dos gases do efeito estufa na atmosfera. Entretanto, pouco se fala de outros produtos essenciais para a logística industrial, como o óleo lubrificante. Diante deste cenário de transição, distribuidoras de gigantes do petróleo buscam soluções para evitar desastres e reduzir as chances de contaminação da natureza e, assim, ajudam a construir reputações mais sólidas nas indústrias atendidas.
Fazer negócios em Mato Grosso do Sul exige muitos quilômetros rodados, já que a maior parte da atividade econômica se concentra no campo. A dependência de recursos naturais para o desenvolvimento do Estado, no entanto, exige cuidados redobrados. No que poderia ser considerado um obstáculo, a distribuidora Mobil, de responsabilidade do Grupo Centro Oeste, viu a oportunidade de fortalecer iniciativas em cenário distinto.
Com matriz no Bairro Coronel Antonino, em Campo Grande, e desde 1992 atuando como distribuidora exclusiva Mobil, a unidade passa por um processo de transição e o Sistema Troca Inteligente ganhou papel de protagonismo no catálogo de serviços oferecidos, com a proposta de oferecer aos clientes exatamente a quantidade de óleo que eles precisam, evitando assim o desperdício e reduzindo o descarte de embalagens.
A iniciativa entrou no radar do Núcleo de Sustentabilidade e ESG da Fiems e a equipe foi conhecer a tecnologia de perto. Para a assessora do núcleo, Cláudia Borges, além do mapeamento de boas práticas na indústria, é importante olhar também para as empresas que participam do encadeamento produtivo.
“Isso inclui iniciativas que não conseguem mudar seu padrão inicialmente, por conta da origem das suas matérias primas e do tipo de produtos que elas oferecem. É importante também identificar os esforços para mitigar ou diminuir seus impactos na sociedade”, explicou.
Quando opções de serviços ajudam clientes a serem mais sustentáveis
O Sistema de Troca Inteligente da Mobil se estrutura em todo um esquema de logística. Os produtos saem da fábrica e são transportados diretamente para os distribuidores. Chegando nas unidades, o lubrificante é armazenado em tanques que atendem rigorosas normas de segurança e qualidade.
A entrega ao cliente é feita por caminhões da companhia dedicados, evitando contaminação e segue do tanque do distribuidor diretamente para o minitanque do cliente. É nesta etapa que está o principal diferencial, já que são descarregados na quantidade exata do pedido, sem desperdícios e evitando o descarte de embalagens.
De acordo com o CEO do Grupo Centro Oeste, Tabajara Ribeiro, atualmente, a Troca Inteligente corresponde a 30% das vendas. “É um trabalho bacana que traz a fidelização do cliente e também mostra essa preocupação nossa com o meio ambiente. As empresas também se sentem bem em trabalhar com esse sistema, porque de alguma forma contribuem com a parte ambiental. Então, tem feito uma grande diferença no nosso negócio. Estamos implementando o conceito em nível geral, inclusive industrialmente”, destacou.
O coordenador de Saúde, Segurança e Meio Ambiente do Grupo Centro Oeste, Carlos Eduardo Cordeiro dos Santos, destaca mais vantagens no cuidado com o armazenamento. “A Troca Inteligente reduz, em média, para 1% o desperdício de óleo no processo de abastecimento dos recipientes, além de reduzir os riscos para o operador”, explicou.
O manuseio do óleo exige cuidado redobrado, já que é um produto poluente e tóxico à saúde humana. Por isso, o armazenamento da empresa também conta com um contrato ambiental, que prevê um plano de mitigação e ação imediata caso haja a possibilidade de acidentes. A medida é estratégica nas regiões atendidas pelo Grupo Centro Oeste, que abrigam biomas como o Pantanal e a Amazônia, já que possui filiais em Mato Grosso e Tocantins.
Atualmente, são 1,3 mil contêineres instalados para receber o lubrificante na quantidade necessária. Deste total, 70% são em empresas ligadas ao agronegócio. Diante do papel imprescindível do transporte na distribuição, a matriz também faz uso de frota movida a etanol.
Ações como as da empresa estão entre as que vão compor o “Banco de Boa Práticas ESG das Indústrias de MS”, elaborado pelo Núcleo de ESG e Sustentabilidade da Fiems. A partir dos dados, será possível a consolidação de relatórios com as iniciativas, além de gerar ideias para serem adotadas pelas empresas.