Já estão abertas as inscrições para diversas oficinas culturais a serem ministradas no Memorial da Cultura Indígena Cacique Enir Terena. Elas fazem parte do projeto REMI, idealizado pelo grupo musical Projeto Kzulo. Os interessados podem acessar o site para se inscrever até o dia 17 de setembro: www.projetoremi.com/. As aulas começam a partir do dia 18 de setembro e seguem pelos quatro sábados seguintes.
Serão ministradas 7 oficinas com aulas aos fins de semana: arte urbana, com o professor Victor Macaulin; fotografia, com o fotógrafa Thauanny Maíra; performance e corpo com a artista Flora Lira; arte terena em dança, trajes e grafismo com Bianca Francelino e arte terena Gráfica em tela de Bryant Soares (indígenas jovens da Marçal de Souza); teatro imaginário e afetivo, com o ator Jefley Maurício; e musicalização pelo ritmo, com o músico Anderson Salgado. Cada turma será composta de até 10 jovens (por motivos de distanciamento social), que morem, preferencialmente, na região da aldeia urbana Marçal de Souza, localizada no bairro Tiradentes, na primeira turma. Haverá uma segunda turma no bairro das Moreninhas.
De acordo com um dos idealizadores e produtor do projeto, o arquiteto e artista de multilinguagens Julian Vargas, a escolha das oficinas foi primeiro ofertada pelos parceiros do Projeto Kzulo, o qual ele integra, e depois conversada com pessoas próximas à comunidade. “Foi uma construção coletiva, deixamos aberto para eles oferecerem, pensarem nas áreas, tudo foi conversado”, afirma.
“A parte das artes visuais vai contar com questões contemporâneas, como a linguagem fotográfica, arte urbana, grafite, lambe, assim como questões tradicionais, como a arte indígena Terena. No teatro também há a linguagem da performance, que é algo mais moderno e também terá uma abordagem mais afetiva na outra oficina, um outro tipo de pesquisa. E ainda será oferecida a musicalização, que aborda o ritmo, entre outras áreas da música”, explica.
Nos meses de outubro e novembro essas mesmas oficinas serão ofertadas (numa segunda turma) para moradores das Moreninhas, como continuidade do projeto, preferencialmente para jovens e mulheres que vivem no bairro. As inscrições também já podem ser solicitadas e para mais informações sobre essas atividades acompanhe a página do projeto no Instagram (@projetoremi)
Projeto REMI
O projeto REMI – acrônimo para Reconstrução de Memória e Identidade – foi idealizado pelos músicos do projeto Kzulo e aprovado no edital do FMIC (Fundo Municipal de Investimentos Culturais), da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), promovido pela Prefeitura Municipal de Campo Grande.
Ele propõe um trabalho de ação social participativa, que visa estudar a respeito da memória e identidade dos jovens de Campo Grande. A primeira etapa será realizada nos meses de setembro e outubro na aldeia urbana Marçal de Souza e, nos meses de outubro e novembro, o projeto continua nas Moreninhas. “Para trabalhar essa questão de memória e identidade vamos utilizar as expressões artísticas”, frisa Julian.
O arquiteto conta que a ideia do projeto surgiu há cerca de dois anos, a partir de um anseio artístico. “Estávamos pensando em gravar uma música em um estúdio e fazer um videoclipe, mas, durante as conversas, decidimos que não queríamos apenas isso. Nós chegamos à conclusão de que deveríamos fazer um projeto que fosse executado junto às comunidades, em bairros de Campo Grande, mas ainda assim falasse sobre as músicas que estávamos compondo”, lembra.
Depois disso o projeto foi crescendo, adentrando à área pedagógica e com um maior alcance. Tanto que, após as atividades, serão desenvolvidos relatórios mostrando quais as necessidades culturais das duas localidades atendidas pelo projeto.
A aldeia urbana Marçal de Souza e as Moreninhas foram escolhidas de acordo com músicas do grupo. Os idealizadores se inspiraram em duas delas: “Santa Caminhada”, um poema que trata da questão indígena e “Morena Babilu”, que fala sobre as mulheres de Campo Grande. “A gente foi atrás desse público, para trabalhar com essas causas. Outros dois músicos do Projeto Kzulo, o Ricardo e Alejandro têm contatos nessas duas comunidades e optamos por realizar o projeto nelas”, conta Julian.
O músico ainda ressalta a importância das políticas públicas culturais no papel dessa formação de identidade e memória para os jovens da periferia. “Campo Grande tem o fundo de investimentos, o Estado também possui um fundo e esse conjunto de políticas públicas, que ainda pode melhorar bastante, é fundamental para que haja o incentivo cultural, pois aproxima as pessoas da cidade e leva lazer a elas. Essas políticas deveriam fazer do conceito e preceitos de todas as cidades para o bem-estar de seus moradores”, finaliza.
No fim de cada período de oficinas a produção organizará um evento na comunidade. Dentro do projeto ainda haverá a produção de dois videoclipes do Projeto Kzulo e a gravação de um documentário sobre seu desenvolvimento. Alunos das oficinas participarão de todo este processo audiovisual.
Serviço – As inscrições para as oficinas podem ser feitas pelo site www.projetoremi.com/ e presencialmente no Memorial da Cultura Indígena Cacique Enir Terena, localizado na rua Galdino Pataxó, 131, na aldeia urbana Marçal de Souza, no bairro Tiradentes. Moradores das Moreninhas também já podem solicitar a inscrição pelo site. Para mais informações, acompanhe a página do Instagram do projeto (@projetoremi).