Um dos setores mais afetados pela crise econômico-sanitária do Brasil em 2020 foi o turismo que registrou uma retração de 36,6% no volume de receitas em relação ao ano anterior. Os serviços mais abalados foram alimentação, hospedagem em hotéis, pousadas e agências de viagens, segundo informação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)*.
Com uma projeção de retomada nos postos de trabalho menor do que 1% em 2021, vários profissionais do setor, como é o caso dos guias de turismo, tiveram que procurar soluções para manterem as atividades laborais. Atualmente estão identificados no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastrur)*, 24,3 mil prestadores de serviço.
Uma das oportunidades que se destacou no período da pandemia foi a experiência com tours virtuais que ganharam espaço ao estimular o desejo dos viajantes de conhecer novos destinos. Na avaliação da coordenadora do curso Técnico em Guia de Turismo do Senac EAD, Mariana Hoff, essa opção se tornou uma vitrine para divulgar o trabalho dos profissionais.
“No atual cenário de pandemia, os guias de turismo se reinventaram e estabeleceram um bom posicionamento no ambiente digital. Isso foi possível por meio das mídias sociais que proporcionaram a manutenção do vínculo com os turistas e reforçaram a importância e o diferencial do trabalho de condução, na apresentação de destinos e atrativos”, explica.
A especialista destaca que o turismo virtual foi uma alternativa para agências e guias manterem a relação do viajante com o destino desejado. Além disso, o formato vem garantindo renda em tempos de poucas viagens presenciais. “Os tours acontecem por meio de plataformas online nas quais o profissional se reúne ao vivo com os participantes para apresentar um determinado atrativo, destino ou passeio específico. A pessoa escolhe a experiência turística e acompanha o trabalho do guia de turismo. Como ela acontece? Utilizando ferramentas como o Google e outros recursos como fotos, vídeos, encenações em que os encontros são realizados com toda a explanação do guia contando a história, curiosidades e trazendo as peculiaridades sobre as localidades e detalhes desconhecidos, interagindo com os viajantes durante a experiência. É uma vitrine para divulgar o trabalho e para se conectar diretamente ao usuário, demonstrando todo o diferencial de um atendimento especializado”, explica a docente do Senac EAD.
Planejamento e qualificação
Mariana observa que o período de retomada do setor é propício para que empresários e prestadores de serviços reavaliem as operações e formas de trabalhar, acompanhando as mudanças, elaborando e atualizando planejamentos pautados no novo padrão de consumo que as tendências apontam e o mercado exige. “Quem estiver olhando para o futuro com boas estratégias traçadas, sairá na frente quando estes índices crescerem. Então, a qualificação profissional é essencial neste ramo em que a concorrência ficará ainda mais competitiva”, argumenta.
A profissão de guia de turismo é regulamentada pela lei nº 8.623/1993 e para exercer a atividade é necessário que o trabalhador tenha concluído o curso técnico e solicitado a credencial, emitida pelo Ministério do Turismo. As categorias de atendimento são as seguintes: guia regional, de excursão nacional e internacional, além de especializado em atrativo turístico.
Na avaliação da especialista do Senac EAD, as empresas buscam profissionais comprometidos, que atuem de forma ética, responsável e que estejam alinhados com as necessidades do mercado. “Apresentar e organizar roteiros de visitas de acordo com o perfil do viajante, prestar informações turísticas com qualidade e especificidade, saber aplicar os protocolos referentes à Covid-19 nas viagens, ter habilidade para solucionar conflitos, respeito pelas comunidades locais englobam o perfil profissional exigido pelas empresas”.
As opções de atuação são diversas e atualizadas com a realidade cultural dos destinos turísticos. Os guias de turismo podem oferecer roteiros personalizados em passeios que exploram histórias de personagens históricos das localidades visitadas, visitas que incluam encenações de lendas urbanas, arte e arquitetura urbana.
Outra opção turística que ganhou espaço no período da pandemia foi o “Turismo de Escapada” ou “Staycation”, um conceito que abrange deslocamentos curtos (dentro do município ou estado) com cerca de 300 quilômetros de distância. “Foi identificado que essa opção garante uma sensação de segurança aos turistas, por estar próxima ao local de moradia, em caso de alguma emergência. Além disso, satisfaz a necessidade de descompressão com preferência pelo contato com a natureza”, conclui a especialista.
Assessoria.