O julgamento dos réus Sthefanie de Jesus e Christian Campoçano pela morte da filha dela e enteada dele, a menina Sophia, de apenas 2 anos, em janeiro do ano passado, em Campo Grande, foi marcado por detalhes de horror em que a criança fui submetida antes de ser morta. Além disso, depoimentos tanto das testemunhas de defesa como os da de acusação, nesta quarta-feira (4), demostram como era o seio familiar na casa onde os fatos ocorreram.
O que mais chamou a atenção principalmente do público que assistia, entre eles, o pai da menina, estudantes de Jornalismo e de Direito, foi o relato do médico legista que fez o exame necroscópico no corpo da menina. Segundo ele, Sophia teve uma fratura na coluna cervical, na altura da nuca, o que fazia o pescoço dela virar em um ângulo de 360 graus.
A menina também teve hemorragia, tinha o hímen da vagina rompido e o órgão genital avermelhado e inchado. “O rompimento do himén foi a cerca de 21 dias antes do crime, mas o que causou o inchaço nas partes intímas ocorreu há 2 dias antes da morte da menina”, explicou ele.
Questionado pelo juiz se isso poderia ocorrer, por exemplo, durante o banho da menina, o legista disse que não, que era precisa ter força, ou a força do pênis contra a vagina, ou um objeto ou um dedo, ou algo que fizesse romper o hímen, que fica na parte inferior da vagina.
O trauma na coluna pode ter sido feito da maneira em que Christian tinha “ensinado” Sthefanie a fazer a menina parar de chorar: “empurrando o pescoço da criança no travesseiro até ela perder o folêgo”.
Lembrando que a criança já tinha dado entrada mais de 20 vezes em unidades de pronto atendimento da cidade com ferimentos, o que revela um histórico de agressões em que vivia no seio familiar antes da morte.
A defesa da mãe da Sthefanie trouxe um psicólogo, que por meio de vídeo explicou que durante duas sessões de 50 minutos, cada, diagnosticou a jovem como tendo síndromes de ansiedade graves e também com síndrome de Estocolmo (quando a vítima se apaixona por quem a mantém em cárcere privado, por exemplo), alegando que a jovem sentia afeto por Christian pela ausência de afeto paterno e por vezes falta do afeto materno quando era criança.
Por outro lado, a defesa de Christian questionou porquê somente o profissional fez o exame e não acompanhado de uma equipe multidisciplinar, o que foi respondido que ele pediu à defesa de Sthefanie, mas a mesma não disponibilizou esta equipe, e por isso ele fez a avaliação da ré sozinho.
Outro ponto importante foi o depoimento de um amigo de Christian que disse estar com Sthefanie um dia antes da menina morrer. Ele falou que ele e Sthefanie usaram cocaína durante a madrugada naquela noite, assim como álcool, e que as crianças dormiam, mas antes ele tinha visto a menina reclamar de dor na barriga.
Essa testemunha disse também que se assustou, depois mais tarde, ao saber que Sthefanie tinha levado a menina no posto de saúde e que a mesma estava morta.
Disse ainda que nesse momento foi dar apoio ao amigo Christian de imediato. Segundo ele, Christian estava arrasado com a morte da menina.
Ainda na noite desta quarta-feira, o juiz deve ouvir os réus e deixar para amanhã as perguntas entre defesa e acusação, considerações finais e dar o resultado da pena final para os réus.