Com os extremos climáticos cada vez mais evidentes, em especial no Pantanal, como consequência da seca histórica e incêndios florestais, a Primeira Reunião de Apresentação e Planejamento do Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF), que integra o projeto
Consolidação do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro (PEPRN), reuniu produtores rurais e moradores do entorno do PEPRN para trabalhar propostas de práticas de manejo na região da unidade de conservação.
A agenda aconteceu nesta quinta-feira (10), na Base de Estudos do Pantanal da UFMS, na região do Passo do Lontra, em Miranda (MS). E a realização se deu a partir da parceria entre a Mupan – Mulheres em Ação no Pantanal e a Wetlands International Brasil, com o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), por meio do Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas (NEFAU) – sítio de pesquisa que executa o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), e o Instituto Terra Brasilis.
Na Reunião foram levantados métodos ecológicos do uso do fogo, o que reflete em algumas mudanças, como a diminuição na propagação de incêndios florestais, melhoramento da produção agrícola, controle de pragas, dentre outros.
“Queremos fazer o que chamamos de pirodiversidade, ou seja, usar o fogo a favor do ambiente e das espécies por meio de queimas prescritas e controladas, feitas dentro de ações integradas e previstas em plano de manejo integrado do fogo”, explicou Geraldo Damasceno, coordenador do PELD NEFAU.
O PMIF prevê o mapeamento das áreas mais passíveis de pegarem fogo no parque e a criação de um cronograma com locais prioritários para receberem queima prescrita.
Genoir Mokwa, é gerente da Fazenda São Bento, uma das áreas de pesquisa da PELD, e participou do encontro à convite da Universidade. Segundo ele, com os incêndios que afetam o Pantanal, quase três mil hectares da propriedade ficam comprometidos, e entender mais sobre a queima prescrita, por exemplo, ajuda no planejamento das ações e se torna uma esperança pra quem sofre com o fogo desenfreado.
Para Áurea Garcia, diretora geral da Mupan e coordenadora de políticas da Wetlands International Brasil, cultivar parcerias que enxergam a necessidade de levantar debates e diálogos que refletem na construção de capacidades e geração de conhecimentos entre as equipes técnicas e as populações do entorno devem ser um movimento comum, inclusive no cenário atual, com a crise climática.
“Nos anos de 2019 e 2020 as secas extremas maximizaram os incêndios, com isso, buscamos potencializar as ações inteligentes para a prevenção e a partir dos conhecimentos e uso do fogo. No caso do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, essa é uma área importante para a manutenção da saúde e conectividade das áreas úmidas, e com o PMIF conseguimos traçar ações mais assertivas, desde mobilização até a queima prescrita”, completou.
De acordo com Leonardo Palma, Gerente de Unidades de Conservação do Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), o PEPRN será a primeira área protegida do estado a implementar o Plano De Manejo Integrado do Fogo que, em sua base, é o documento que aponta estratégias para garantir que os objetivos de conservação e uso da unidade de conservação sejam atingidos.
“Um proprietário rural busca tirar da fazenda o que de melhor ela pode oferecer, para isso ele faz um planejamento de uso, obedecendo as regras ambientais, no caso das unidades de conservação o planejamento também ocorre, e seu conteúdo é parte de um plano de manejo. Este debate foi importante para expor como o Imasul deverá agir para garantir à sociedade que os objetivos do parque sejam atingidos, e para apresentar o Plano de Manejo Integrado de Fogo, que é um documento que ajuda a organizar melhor o território.”, esclarece Leonardo.
Além dos produtores rurais e moradores do entorno do parque, estiveram presentes representantes do Prevfogo/Ibama, Sindicato Rural de Corumbá, Aliança 5P, Corpo de Bombeiros, Exército, Polícia Militar Ambiental (PMA) e Marinha do Brasil.