O atual gerente da agência do DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito) de Juti e um pai e filho, que serviriam de operadores financeiros, em um esquema criminoso estão foragidos, após a deflagração da Operação Resfriamento de combate à corrupção e ao crime organizado. A operação do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) tem como objetivo de apurar esquema de emissão de documentos veiculares irregulares, efetivadas na agência do DETRAN daquela cidade.
Foram convertidas em prisões preventivas contra os três, além de outro servidor do DETRAN e do despachante, que já estavam presos temporariamente. A operação foi deflagrada no último dia 8 (terça-feira) e as informações são de que veículos irregulares, até mesmo de outros estados, seriam regularizados na agência, mediante inserção de documentos falsos e pagamento de propina aos servidores, sem nunca ter passado por vistorias de segurança ou mesmo entrado no estado.
Primeiramente foi preso um ex gerente da agência, que teria sido responsável pelas fraudes no sistema, e um despachante da cidade de Dourados, que teria formalizado os requerimentos e realizado o pagamento de valores indevidos a este servidor. Somente em transações diretas entre este servidor e o despachante, teriam sido movimentados mais de R$ 150 mil reais.
Durante o cumprimento dos mandados de busca, na última semana, foram ainda apreendidos diversos documentos, valores, veículos em nome de pessoas interpostas, que permitiram avançar nas investigações em busca do esclarecimento dos fatos. Com o aprofundamento das investigações, foram identificados inúmeros outros veículos vistoriados ilegamente.
O servidor responsável teria alegado que os procedimentos foram subtraídos da agência ou danificados por infiltrações decorrentes da chuva. Diante de tudo que fora apurado, foram confirmados os indícios de verdadeira prática de corrupção sistêmica, empreendida por organização criminosa.
O que se identificou foi a existência de três grupos com funções bem definidas e delimitadas dentro da organização. O primeiro grupo é o do despachante, o segundo de outro despachante, que tinha a função de captação de clientes.
Após a captação dos clientes e pagamento pelo serviço, o despachante encaminhava os documentos para o Grupo Político, integrado pelos dois servidores públicos da agência de trânsito de Juti. Por sua vez, os servidores são responsáveis por fazer as alterações falsas no sistema do DETRAN, mesmo diante das irregularidades do veículo, endereços falsos e ausências de documentos obrigatórios.
Ainda tinha o Grupo Financeiro, que é composto por pai e filho, que serviam como verdadeiros operadores financeiros da organização. Além de pagamentos diretos entre o Grupo Despachante e o Grupo Político, que se aproximam de meio milhão de reais, também eram realizadas transações financeiras por intermédio dos operadores financeiros, que além disso, também seriam responsáveis pela dissimulação e ocultação dos valores movimentados pela organização criminosa. Com o auxílio dos operadores financeiros, mais de 17 milhões de reais foram movimentados pela organização, sendo mais de um milhão de reais transacionados apenas por um dos servidores, que tem salário em torno de R$ 3 mil reais.
Ainda foram identificadas diversas estratégias para ocultação do patrimônio e das movimentações financeiras realizadas pela organização. Dentre as estratégias, estavam a utilização de pessoas interpostas, conhecidas como “laranjas” e registros de propriedades de veículos em nome de terceiros. Assim, considerando as atividades ilícitas, praticadas pela organização além dos crimes de corrupção e outros correlatos, são também investigados pelo crime de Lavagem de Dinheiro.
Por fim, o que foi possível observar também com as buscas realizadas na última semana, foi que a organização criminosa encontrava-se ainda em pleno funcionamento, seja na fase financeira ou mesmo na emissão de outros documentos fraudados. No escritório do despachante, foram localizados requerimentos ao DETRAN de Juti feitos nesse mês, em que se verificou indícios de utilização de endereço falso. Por esse motivo, as autoridades policiais do DRACCO representaram pela prisão preventiva dos investigados. Contudo, mesmo após o deferimento e diligências para localização dos investigados, não foram encontrados em suas respectivas residências e não há outras informações sobre seus paradeiros.
Nesse sentido, solicita-se que sejam encaminhadas quaisquer informações sobre o paradeiro dos foragidos. As informações podem ser repassadas ao DRACCO de forma anônima, sendo resguardada a fonte. As investigações terão o seu regular prosseguimento, com o intuito de cumprir as ordens prisionais e apurar o envolvimento de outras pessoas na organização ou mesmo a ocorrência da mesma fraude em outros veículos, buscando a repressão necessária e qualificada ao crime organizado e à corrupção.