Entre os dias 27 de fevereiro e 3 de março, lideranças indígenas Kadiwéu participarão da segunda fase do curso sobre SIG (Sistema de Informação Geográfica), em Brasília (DF). O curso faz parte do programa “Bem Viver” do Nature and Culture International e IEB (Instituto Internacional de Educação do Brasil) e será ministrado pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), também parceiro do programa.
O SIG é uma ferramenta que permite um maior controle territorial e a proteção das terras e dos recursos naturais imprescindíveis ao bem viver de comunidades tradicionais do Brasil. Na prática, trata-se de um sistema composto por um conjunto de programas de computador e banco de dados que transforma informações geoespaciais (via satélite) em mapas que podem ser utilizados na gestão territorial, monitoramento de focos de incêndios, invasões, recuperação de nascentes, entre outros.
As funcionalidades da ferramenta motivam a participação dos brigadistas Kadiwéu, Mesaque da Rocha, presidente da Abink (Associação dos Brigadistas Indígenas da Nação Kadiwéu), e do vice cacique da Aldeia São João e chefe de brigada na mesma aldeia, Elísio Veigas.
O objetivo é que eles adquiram noções de georreferenciamento de modo que possam replicar todo o conhecimento junto à comunidade. Assim, tudo o que foi aprendido em sala poderá ser usado na gestão territorial da comunidade Kadiwéu, situada no município de Porto Murtinho, considerada a maior reserva indígena do Pantanal, com 538 mil hectares.
Para que isso ocorra com o melhor aproveitamento possível, a Mupan e a Wetlands International Brasil viabilizaram a viagem e acompanha a atividade, com o analista de geoprocessamento, Pedro Cristofori.
“Dois dias antes da viagem, nesta sexta e sábado (24 e 25), estaremos em Campo Grande reunidos com os Kadiwéu para revisar todo o conteúdo aplicado no primeiro módulo do curso e, em seguida, a gente segue para Brasília. Em termos de SIG, o curso do IPAM é muito completo, razão pelo qual os Kadiwéu estão passando por essa capacitação, pois o nosso intuito é que todo o conhecimento adquirido possa agregar valor aos trabalhos que já são realizados na comunidade em termos de gestão territorial em parceria com Programa Corredor Azul”, enfatiza Cristofori.
Lílian Pereira, coordenadora de assuntos indígenas e comunidades tradicionais da Mupan e Wetlands International Brasil, explica que o curso agrega valor ao Plano de Vida, documento de gestão territorial Kadiwéu que há quatro anos vem sendo trabalhado pelos indígenas, tendo a Mupan e a Wetands como facilitadoras.
“O Plano de Vida é a ferramenta que norteia toda a gestão do território Kadiwéu e, a partir do momento que a comunidade tem autonomia para manusear o SIG, eles conseguem saber em tempo real a situação do seu território. Com isso, a comunidade tem maior empoderamento para executar os objetivos de gestão que eles estabeleceram no Plano de Vida. Ou seja, na prática, eles conseguem avaliar o que é viável ou não de ser executado, conforme os recursos que eles têm em mãos”.