Com a palavra, o renomado diretor e dramaturgo Newton Moreno entra em cena para colocar a dramaturgia como peça central na residência artística “A Presença e a Criação na Atualidade”, em Campo Grande. O encontro destinado a reunir artistas do Mato Grosso Sul será realizado de 25 a 27 de julho, das 17h às 20h45 no Sesc Cultura, situado na Av. Afonso Pena, n.º 2270. O prazo de inscrições vai até o dia 19 de julho (quarta-feira) e o formulário pode ser acessado aqui. As inscrições são gratuitas.
Ao todo, estão sendo oferecidas 15 vagas. As inscrições já estão abertas e seguem até o dia 19 de julho (quarta-feira). A seleção dos candidatos será por meio de uma curadoria composta por três profissionais da área teatral.
Diferentemente das oficinas que colocam o ofício do ator ou diretor no centro das discussões, aqui, o palco tem como protagonista o texto para a partir daí compartilhar os holofotes com outros elementos que compõe a arte teatral: elenco, direção, figurino, cenário, produção, desafios do mercado cultural, políticas públicas, etc. que o permeiam.
Para quem já estiver com a curiosidade aguçada a respeito da residência, Newton nos dá uma breve dimensão do que vem por aí. “Sou formado como ator e, também, dirijo. Mas quando escrevo penso muito em QUEM vai realizar o texto. Gosto de saber do projeto artístico, porque escolheram aquele tema/texto, estar o mais colado que consigo da sala de ensaio. O dramaturgo organiza o grande mapa do tesouro, mas o tesouro a gente descobre juntos”.
E, quando o tesouro é a dramaturgia, Newton tem faro certeiro para a descoberta. Isso porque enquanto dramaturgo ele soma 25 textos encenados pelo Brasil afora. Não à toa é considerado um dos maiores dramaturgos brasileiros da atualidade. Ele que há mais de 30 anos dedica sua vida ao teatro. Formado em Artes Cênicas pela Unicamp e mestre e doutor em Artes Cênicas pela USP.
Encontro Paralelo
A residência artística faz parte da programação do projeto Cena Aberta, idealizado pelo diretor teatral Nill Amaral, da Cia. OFIT (Associação Cultural Oficina de Interpretação Teatral), que por três meses movimenta o eixo cultural de Campo Grande nos meses de julho a setembro. O convite a Moreno foi uma escolha proposital baseada no olhar crítico do diretor teatral, Nill, que por manter uma forte ligação com a produção cultural de São Paulo, acompanha com o que acontece nos grandes centros.
“Eu tive contato com o trabalho do Newton nos final dos anos noventa, na cidade de São Paulo, numa época marcada pelo início da criação própria da dramaturgia construída por alguns diretores da cidade. Nesse período, o Newton já se destacava com algumas obras em cartaz. “Agreste” e “Memória da Cana” são as que eu pude assistir”, explica o diretor que vê no MS um grande abismo cultural comparado aos grandes centros do País, onde as ofertas e as oportunidades de cursos “extracurriculares” são maiores.
“A vinda do Newton se abre na perspectiva do encontro, possibilitando, não só a experiência dos artistas vivenciarem de perto as propostas desse importante diretor, mas, também, de terem um registro fiel e enriquecedor para o desenvolvimento de seus trabalhos, na troca de saberes e no confronto com as idéias que o seu teatro desperta”.
Um estilo de encontro que, inclusive, agrada o olhar artístico do convidado Newton Moreno. “Gosto da ideia, pois estamos precisando nos fortalecer como classe de artistas da cena. Após tempos de distanciamento, pandemia, sinto a necessidade na comunidade de troca, das angústias e das criações e projetos”, diz o dramaturgo que pretende fazer dessa demanda o grande foco da residência, sem contudo, perder o eixo temático que “é o escrever para cena, não só de dramaturgos, mas dos demais profissionais – ator e diretor – como abordam, o que procuram numa dramaturgia, suas ferramentas. Quero dividir meus processos e questões, mas, também, ouvir as questões e processos dos artistas de MS”.
Artista múltiplo
Acostumado em ver grandes artistas darem vidas as personagens criadas por ele, tais como Lilia Cabral, em Maria Caritó (2012), Marieta Severo e Andréa Beltrão, em As centenárias (2007), e Eduardo Moscovis, em O livro (2010), Moreno é um artista de perfil versátil que não restringe o seu trabalho somente ao teatro, transitando por outras linguagens (literatura, televisão e cinema). Experiências que conferem a ele uma vasta bagagem e entendimento de que, culturalmente, há diversos Brasis em um único país de tamanho continental como o nosso.
“Já estive em Campo Grande mas para uma ação mais específica, de apresentar o trabalho sobre tipologia e estética do circo teatro brasileiro e levantamos um trabalho prático. Acredito na circulação, nas trocas. Fiz uma vivência em Curitiba, farei outra em Recife em novembro. E, estarei com um grupo de atores da Unicamp neste semestre em Campinas. Retroalimentação para conhecer ainda mais o Brasil e o teatro que se faz no Brasil”, explica Moreno que desembarca à Capital pela segunda vez.
Sem dúvida, essa será uma oportunidade ímpar para os artistas sul-mato-grossense se aproximarem do dramaturgo que, ao longo de três décadas dedicados ao teatro, conquistou reconhecimento e alguns dos mais importantes prêmios do teatro nacional: APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte, Shell, Bibi Ferreira, Questão de Crítica e o Aplauso Brasil. Não é à toa que o artista é considerado um dos maiores dramaturgos brasileiros da atualidade.
O projeto “Cena Aberta – Encontros Paralelos” conta com incentivo do FIC – Fundo de Investimentos Culturais, em edital promovido pela FCMS – Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul, órgão vinculado ao Governo do Estado. Além do apoio cultural da UFMS, Fecomércio, Sesc Cultura, Faculdade de Comunicação, Artes e Letras (FALE/UFGD) e o grupo de artes cênicas Circo do Mato.
Serviço: A residência artística “A Presença e a Criação na Atualidade”, com Newton Moreno, será realizada de 25 a 27 de julho, no Sesc Cultura situado na Av. Afonso Pena, n.º 2270, centro. Inscrições gratuitas pelo Instagram da Cia OFIT @ofitcia