O Dezembro Vermelho, mais do que um período de sensibilização da sociedade para a prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), tornou-se um momento de reflexão e ação contra a disseminação do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e da AIDS, uma síndrome que desafia a saúde pública globalmente.
Desde os anos de 1980, a AIDS se impôs como um desafio permanente, persistindo como uma questão crítica em termos de saúde pública. Estatísticas da UNAIDS apontam que em 2021, cerca de 37,7 milhões de indivíduos conviviam com o HIV no mundo, com aproximadamente 920 mil casos registrados no Brasil.
Os sintomas do HIV podem demorar anos para se manifestarem após a infecção. Febre, fadiga, dor de garganta e linfonodos inchados podem aparecer tardiamente, o que torna crucial o diagnóstico precoce e o acesso aos tratamentos. As terapias antirretrovirais, embora controlem o vírus, não o eliminam completamente, podendo acarretar efeitos colaterais relevantes e exigir acompanhamento contínuo.
O impacto social da AIDS não pode ser subestimado. O estigma e a discriminação perpetuam desafios significativos para as pessoas que vivem com HIV/AIDS, limitando seu acesso a serviços de saúde e oportunidades de trabalho. O estigma não se restringe apenas à comunidade LGBT+, afetando todas as camadas sociais e ampliando as dificuldades enfrentadas por esses indivíduos.
O tratamento antirretroviral é disponibilizado a todos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), entretanto, dados do Ministério Público revelam que, entre 2011 e 2021, mais de 52 mil jovens desenvolveram AIDS após contrair o HIV, ressaltando a importância de ações preventivas e educativas.
É vital compreender que a AIDS não é apenas uma questão médica, mas um desafio social complexo. O estigma e a discriminação afetam diretamente a qualidade de vida das pessoas afetadas, evidenciando a necessidade de uma sociedade mais informada, inclusiva e solidária.
O Dezembro Vermelho é uma oportunidade valiosa para reforçar a conscientização sobre a prevenção, desconstruir estigmas e promover uma visão mais abrangente sobre a AIDS. É um chamado à ação, um convite para uma sociedade comprometida com a informação, inclusão e empatia para todos os indivíduos afetados por essa realidade.
Por: Júlio César Coelho, professor de enfermagem da Estácio e especialista em assistência e avaliação em saúde.