O Brasil registrou um recorde histórico de pedidos de demissão em 2024, conforme apontam dados da Fundação Getulio Vargas (FGV). Entre janeiro e setembro, aproximadamente 6,5 milhões de trabalhadores decidiram deixar seus empregos, um aumento significativo em relação aos anos anteriores.
Jovens entre 18 e 24 anos lideram essa tendência, buscando novas oportunidades ou apostando no empreendedorismo. De cada 100 pedidos de demissão, 30 são feitos por profissionais dessa faixa etária.
A alta rotatividade tem preocupado as empresas. Um levantamento da consultoria de recrutamento Robert Half indica que quase 30% das organizações tiveram uma taxa de turnover acima de 10% em 2024. “A rotatividade pode ser positiva quando traz renovação e diversidade de ideias, mas em níveis muito elevados, torna-se um alerta para as corporações”, analisa Lucas Nogueira, diretor regional da Robert Half.
O principal motivo para os pedidos de demissão é a busca por melhores oportunidades em outras empresas. Em seguida, aparece a falta de perspectivas de crescimento dentro das organizações. Segundo o índice de Confiança da Robert Half, 40% dos profissionais de recrutamento apontam essa questão como a principal razão para as saídas, um crescimento significativo em relação aos 25% registrados em 2023.
Um estudo do Glassdoor Worklife Trends 2025 reforça essa percepção, revelando que 65% dos profissionais se sentem estagnados em suas funções atuais. Entre os principais fatores que impulsionaram a onda de desligamentos em 2024, segundo a Robert Half, estão:
- Propostas salariais mais atrativas em outras empresas (71%);
- Falta de oportunidades de crescimento (40%);
- Salários abaixo da média do mercado (24%);
- Benefícios pouco competitivos (22%);
- Falta de reconhecimento e recompensas (22%)
Como as empresas estão reagindo?
Com a previsão de que essa tendência continue em 2025, especialistas alertam que a falta de iniciativas para reter talentos pode levar a uma “demissão por vingança”, na qual os profissionais insatisfeitos deixam seus cargos em resposta a condições inadequadas. “Companhias que ignoram a necessidade de flexibilidade e não escutam seus colaboradores serão as mais impactadas”, analisa Marais Bester, consultor sênior da SHL.
Para evitar perdas significativas, muitas organizações têm implementado estratégias para melhorar a retenção de talentos. Entre as medidas mais adotadas, segundo a Robert Half, estão:
- Investimento na capacitação das lideranças (39%);
- Oferta de treinamentos para os colaboradores (36%);
- Desenvolvimento de programas de crescimento profissional (35%);
- Melhoria das condições e do ambiente de trabalho (35%);
- Aprimoramento da gestão de desempenho (31%).
Diante desse cenário, a retenção de talentos torna-se um fator estratégico essencial para o sucesso das empresas, exigindo medidas proativas para manter a satisfação e o engajamento dos profissionais.
Pardal Tech