O número de trabalhadores com mais de 50 anos na indústria em Mato Grosso do Sul triplicou em 15 anos, indo de 6 mil em 2006 para 18,9 mil em 2021 – aumento de 214%. Nesse mesmo período, o estoque de emprego formal geral na indústria cresceu 86%, passando de 70,2 mil para 130,7 mil. Isso significa que o ritmo de crescimento da contratação dos 50+ é duas vezes e meia maior que o do geral.
Em 2006, os profissionais 50+ ocupavam 8,5% do total de vagas na indústria sul-mato-grossense; em 2021, eles já representavam 14,4%. A participação desse grupo no estoque de emprego formal da indústria cresceu 69% nessa década e meia.
O levantamento realizado pela Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems com base na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) revela que o mercado de trabalho está seguindo uma tendência de envelhecimento da população. Esse cenário pode ser considerado na elaboração e implementação de políticas educacionais e de emprego.
O cenário faz sentido porque a população com mais de 50 anos no Brasil também cresceu. Em 15 anos, o número de brasileiros com mais de 50 anos aumentou 63,2%, indo de 34 milhões para 55,5 milhões. Em 2006, os 50+ eram 18,2% da população geral e, em 2021, esse percentual tinha subido para 26%.
Mulheres 50+ em ascensão no mercado de trabalho
Entre 2006 e 2021, a presença das mulheres 50+ na indústria sul-mato-grossense cresceu cinco vezes, passando de 679 para 3.449. A participação feminina 50+ no universo de mulheres empregadas no mercado de trabalho industrial saltou de 4% para 10% no período.
Apesar desse crescimento, homens 50+ ainda são maioria, e em 2021 respondiam por 15,4 mil postos de trabalho ocupados, ou 16% do total de homens empregados na indústria.
Contratados por segmento industrial
A construção de edifícios é o segmento da indústria que reúne o maior número de trabalhadores 50+ em Mato Grosso do Sul, com estoque de 2,06 mil pessoas empregadas de acordo com a RAIS em 2021. Em seguida aparecem os segmentos de abate de bovinos (1,9 mil), fabricação de álcool (1,3 mil), fabricação de açúcar em bruto (1,2 mil) e abate de suínos (703).
Jorge Fideis Recalde Gadda, de 60 anos, trabalha há 10 como auxiliar de almoxarifado na Plaenge. Por ser um dos mais experientes no setor onde atua, Jorge precisa lidar com colegas bem mais novos, e é nessas horas que ele procura transmitir o conhecimento adquirido na construção civil.
“Faço o possível para ajudar as pessoas a aprender. Às vezes a pessoa não quer aprender, mas eu ajudo também. Se precisar de mim, estou aí para servir”, conta.
Jorge não se acomoda só em desempenhar seu trabalho e ensinar os novatos. Cada tarefa representa uma oportunidade nova de aprender. “Tudo o que aprendi foi dentro da Plaenge, antes eu não sabia de nada. Fui fazendo as coisas. Aqui dentro mesmo eu continuo estudando, trocando ideia com o pessoal”, completa.
Servente de obras na Plaenge há quase seis anos, Adelma Ferreira Alves da Silva, de 53 anos, se sente valorizada pelos anos a mais na carteira de identidade. “Eu tenho mais experiência e não me troco por umas pessoas mais novinhas que tem por aí. Me dando o serviço, não precisa ter ninguém estar do meu lado, eu já faço tudo”, diz.