Se o paraíso existe, provavelmente se parece com Bonito. O município sul-mato-grossense que completa 76 anos neste dia 02 de outubro, é referência internacional em ecoturismo, por suas belezas naturais singulares.
Apesar de jovem, a cidade tem uma ampla bagagem histórica, graças à sua natureza. Além de fazer parte do bioma do Cerrado, Bonito inclui uma porção da Mata Atlântica, como a Serra da Bodoquena. Banhada pelo Rio da Prata, Rio Formoso e Sucuri, entre outros, a região encanta pelas grutas, balneários, culinária típica e a perfeita sintonia com a fauna, que compartilha espaço com o turismo, resultando em experiências únicas.
As paisagens atraem mais de 313 mil visitantes ao ano, segundo informações da Prefeitura Municipal, baseadas em levantamento de 2023. A cidade, que já foi cenário para gravações de cenas da novela ‘Alma Gêmea’, de 2005, também é palco cultural durante o Festival de Inverno de Bonito, evento anual que fortalece a música e as artes e tem como cenário principal a Praça da Liberdade, um dos pontos turísticos da cidade, que ganha mais beleza com o Monumento das Piraputangas, obra de arte do ano de 2006, assinada pelo artista plástico Cleir.
Com 8,5 metros, a escultura apresenta duas Piraputangas em um espelho d’água, representando o movimento dos peixes típicos dos rios da região. Conhecida por fazer parte de incontáveis fotos de turistas, a obra tem uma longa trajetória e foram anos de preparação. “Conheci Bonito em 1982 e quando cheguei lá, as ruas eram de terra e havia apenas uma praça florida. Foi uma viagem de aprendizado, onde tive a oportunidade de saber mais sobre a água calcária, as belezas naturais e mergulhar no Rio Formoso. Em 2001, voltei à cidade, era Carnaval e percebi as pessoas interagindo com as Piraputangas no balneário, desde então decidi apresentar um projeto baseado nessa interação. Estudei muito e após isso, foram cinco anos em busca de investimento para tornar o sonho realidade”, conta Cleir.
O sonho ganhou apoiadores, entre eles, o então senador por Mato Grosso do Sul, Juvêncio César da Fonseca, recebeu Cleir em uma reunião e decidiu lutar pela obra de arte na cidade.
*O amor é Bonito* – Ao estudar as características das Piraputangas, Cleir decidiu que a obra deveria ter movimento e assim pensou em cada detalhe, desde a iluminação até o espelho d’água, que simboliza as águas dos rios bonitenses. Conforme o artista, a obra entregou exatamente aquilo que planejava, a leveza e o movimento dos peixes.
A cidade tem uma forte conexão com o artista, já que foi na inauguração dela, em 2007, que Cleir conheceu Débora Figueiró, aquela que se tornaria sua esposa e parceira de trabalho e de amor à arte e nem mesmo um roteiro de novela imaginaria um cenário e um momento tão especial para estabelecer essa conexão. “Foi durante a entrega da obra que conheci a Débora, que estava na cidade e desde então temos uma história de amor realmente bonita, foi algo muito forte e inexplicável. A cidade me deu sorte, a colocou em meu caminho, a mulher que divide comigo o respeito pela arte, pela natureza, que vive as aventuras, me apoia e é minha base. Bonito faz parte da minha vida, por isso quero parabenizar a cidade pelos seus 76 anos”, revela Cleir que também recebeu que seria avô de Flor, sua primeira neta quanto estava na cidade.
O Monumento das Piraputangas já passou por algumas restaurações e a mais recente aconteceu em meados de 2022. Porém, outra obra assinada pelo artista leva beleza à cidade. No ano de 2014, Cleir fez a escultura O Caramujo, localizada no Aquário Natural Baía Bonita. A escolha da obra foi devida os caramujos serem parte natural desse ecossistema e desempenham um papel importante na cadeia alimentar e na saúde do ambiente aquático.
Para Cleir, Bonito merece atenção especial por sua relevância social, ambiental e econômica, já que a cidade movimenta o turismo, comércio e lazer, porém, acima de tudo por ser um dos berços da fauna e flora do Cerrado. “A cidade de Bonito é realmente linda e tem belezas naturais que devem ser preservadas, com atenção, controle e respeito à natureza para existir para sempre”, enfatiza.
*Sobre o artista* – Com mais de 35 anos de carreira e obras em Mato Grosso do Sul (entre esculturas e painéis) em Campo Grande, Bonito, Corumbá, Dourados, Três Lagoas, Ponta Porã, Rio Verde de Mato Grosso, Bodoquena, Aquidauana, Ladário e Bataguassu, Cleir ama abordar a fauna regional
No Estado, destacam-se obras como: Monumento Pantanal Sul (Tuiuiús do Aeroporto), em Campo Grande; Monumento do Sobá, em Campo Grande; Praça das Araras, também na Capital; Deusa da Justiça, em Campo Grande; Monumento Vale das Águas, em Bodoquena; Garça Branca, em Rio Verde; Índia Terena, em Aquidauana; Escultura Dourado, em Ladário; Monumento Tucunarés, em Bataguassu; Monumento das Piraputangas, em Bonito; Museu de Bataguassu; painéis da Arara Vermelha e Papagaio Verdadeiro, localizados há mais de 20 anos no Edifício 26 de Agosto, em Campo Grande e restaurados em 2019 pelo artista; Projeto Capivara Urbana, entre várias obras particulares, painéis e esculturas.
O artista também possui trabalho relevante na cidade paranaense de Arapongas, município com o maior número de obras de Cleir em sua carreira, totalizando 13 em uma única cidade.