A Beija-Flor sagrou-se campeã do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro em 2025. A vice-campeã foi a Grande Rio, seguida por Imperatriz Leopoldinense, Unidos do Viradouro, Portela e Mangueira. Essas seis voltarão a se exibir no desfile das campeãs, que acontece neste sábado, a partir das 22h.
A Unidos de Padre Miguel, que havia sido alçada à elite neste ano, foi rebaixada e retorna à segunda divisão em 2026. A apuração ocorreu na tarde desta quarta-feira, 5, na Cidade do Samba, na zona portuária do Rio. A campeã da segunda divisão, que desfila na elite no próximo ano, só será conhecida nesta quinta-feira, 6, quando vai ser realizada a apuração desse grupo.
A Beija-Flor é a maior campeã desde que o sambódromo passou a ser o palco dos desfiles, em 1984: esse foi o décimo título desde então. Os títulos da escola foram em 1976, 1977, 1978, 1980, 1983, 1998, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2011, 2015, 2018 e, agora, 2025.
O título mais recente da Beija-Flor havia sido em 2018, o último em que Laíla trabalhou na escola. Ele saiu depois desse desfile, rompido com chefes da escola. Curiosamente, a escola só voltou a vencer ao prestar uma homenagem ao ex-diretor de carnaval.
O desfile deste ano foi marcado também pela despedida de Neguinho da Beija-Flor, cantor oficial da escola por 50 anos e maior estrela dentre os intérpretes de todas as escolas desde a saída do mangueirense Jamelão, que adoeceu em 2007 e morreu em 2008. “Entrei campeão e saio campeão”, disse, entre lágrimas, após a apuração.
Ele estreou na Beija-Flor em 1976, quando a escola conquistou seu primeiro título com um samba composto por ele, no enredo “Sonhar com rei dá leão”.
Durante a apuração, nesta quarta-feira, a Beija-Flor liderou durante todos os nove quesitos e somou 270 pontos. Pelos seis primeiros, esteve empatada com outras escolas, em especial a Imperatriz. Ao final do sétimo quesito, Fantasia, passou a liderar sozinha, um décimo à frente da escola de Ramos, que perdeu mais um décimo no quesito Samba-enredo e acabou superada também pela Grande Rio.
Veja a classificação:
- Beija-Flor (1º)
- Grande Rio (2º)
- Imperatriz (3º)
- Unidos do Viradouro (4º)
- Portela (5º)
- Mangueira (6º)
- Salgueiro (7º)
- Vila Isabel (8º)
- Unidos da Tijuca (9º)
- Paraíso do Tuiuti (10º)
- Mocidade (11º)
- Unidos de Padre Miguel (12º)
A Beija-Flor desfilou na noite de segunda-feira, 3, e encerrou sua exibição aos gritos de “é campeã”. Exaltou a religiosidade de Laíla e passagens históricas dos desfiles que ele ajudou a organizar. O último tripé exibia uma alegoria coberta por plástico preto, referência ao enredo de 1989, “Ratos e urubus, larguem minha fantasia”. Na ocasião, a Igreja Católica recorreu à Justiça e conseguiu proibir a exibição de uma alegoria que representava o Cristo Redentor em farrapos. O carro alegórico então desfilou coberto por plástico preto, onde estava escrito “mesmo proibido, olhai por nós”, uma das cenas mais históricas da história dos desfiles de carnaval.
A ideia de cobrir a alegoria e escrever essa frase é frequentemente atribuída ao carnavalesco Joãosinho Trinta, mas foi de Laíla, como ele narrou em diversas entrevistas. Joãosinho Trinta nunca contestou a versão de seu colega de trabalho.
Este foi o primeiro ano em que as 12 escolas da primeira divisão do carnaval do Rio foram divididas em três grupos – em vez de duas noites de exibições com seis escolas cada, foram realizadas três noites com quatro agremiações. Ao final dos desfiles, uma atração adicional: roda de samba na Praça da Apoteose.
Outra mudança deste ano foi a posição das cabines dos julgadores com uma redistribuição dos postos. Por isso, o tempo máximo de desfile aumentou de 70 para 80 minutos.
Estadão Conteúdo.