Por: Evely Bocardi de Miranda*
O mês de junho é um período voltado para o meio ambiente, uma oportunidade para refletirmos sobre a importância da preservação ambiental e a necessidade de políticas efetivas que garantam a sustentabilidade de nossos ecossistemas. No Brasil, um país de biodiversidade exuberante, essa reflexão é ainda mais urgente.
O Brasil abriga cerca de 20% da biodiversidade mundial, com ecossistemas únicos como a Amazônia, o Pantanal, a Mata Atlântica e o Cerrado. Este último, muitas vezes negligenciado, é a savana mais rica em biodiversidade do planeta e desempenha um papel vital na regulação do clima e no abastecimento de água, influenciando diretamente a vida no Centro-Oeste e em outras regiões.
Nos últimos anos, o Cerrado tem sido submetido a uma pressão crescente devido à expansão agrícola e ao desmatamento. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Cerrado perdeu cerca de sete mil km² de vegetação nativa em menos de um ano. Essa destruição não só ameaça inúmeras espécies de plantas e animais, mas também coloca em risco a segurança hídrica e o equilíbrio climático de todo o país.
Outro bioma de extrema importância é o Pantanal, a maior planície inundável do planeta, que abriga uma biodiversidade incrível e desempenha um papel crucial na regulação do ciclo da água. Nos últimos anos, o Pantanal também enfrentou desafios significativos. Em 2020, cerca de 30% do bioma foi devastado por incêndios, afetando mais de 4 milhões de hectares. Esses incêndios, muitas vezes causados por atividades humanas, são exacerbados pelas mudanças climáticas e pela falta de políticas efetivas de prevenção e combate.
A preservação do Cerrado, do Pantanal e de outros biomas brasileiros requer políticas públicas eficazes e a implementação de ações concretas. Isso inclui a fiscalização rigorosa contra o desmatamento ilegal, incentivos para práticas agrícolas sustentáveis e a promoção de projetos de restauração ecológica. Além disso, é essencial o fortalecimento de áreas protegidas, como parques nacionais e reservas indígenas, que são fundamentais para a conservação da biodiversidade.
No entanto, a responsabilidade não recai apenas sobre o governo. Empresas e cidadãos também devem desempenhar seu papel. Corporações podem adotar práticas de responsabilidade ambiental, reduzir sua pegada de carbono e apoiar iniciativas de conservação. Por outro lado, indivíduos podem contribuir adotando hábitos sustentáveis, como o consumo consciente, a redução de resíduos e a participação em programas de reciclagem.
O mês de junho também deve servir como um momento de educação e conscientização. É fundamental que as escolas e universidades incluam em seus currículos a educação ambiental, formando cidadãos conscientes e comprometidos com a sustentabilidade. A mídia tem um papel importante na divulgação de informações e na sensibilização da população sobre a importância da preservação ambiental.
Um exemplo positivo é o Projeto de Integração do Rio São Francisco, que visa garantir a segurança hídrica para milhões de brasileiros. Esse projeto demonstra como a integração entre o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade ambiental é possível e necessária. Além disso, iniciativas como a restauração de matas ciliares ao longo do rio São Francisco e seus afluentes são essenciais para a manutenção dos serviços ecossistêmicos e a qualidade da água.
A reflexão sobre o meio ambiente em junho é um lembrete de que a preservação do meio ambiente é uma tarefa contínua e coletiva. Precisamos agir agora para garantir que as futuras gerações possam desfrutar de um planeta saudável e sustentável. O compromisso com a preservação ambiental deve ser permanente, e a implementação de políticas eficazes é fundamental para enfrentar os desafios ambientais que temos pela frente.
*Evely Bocardi de Miranda, mestra e professora de direito da Estácio.