Segundo a publicação Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, do Instituto Nacional de Câncer (INCA), aproximadamente 72 mil casos novos casos de câncer de próstata estão previstos para cada ano do próximo triênio (2023-2025). Este tipo de câncer é o segundo mais incidente em homens, sendo que 75% dos casos ocorrem a partir dos 65 anos de idade. A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) destaca a importância do acompanhamento médico em todas as fases da vida para garantir a possibilidade de um diagnóstico precoce, já que a detecção em estágios iniciais pode aumentar as taxas de cura.
Oncologista clínica e membro do Comitê de Tumores Geniturinários da SBOC, Dra. Mariane Sousa Fontes Dias enfatiza que a prevenção ainda é a melhor abordagem para reduzir os casos câncer de próstata no país. Ela destaca que, sem dúvida, existem medidas preventivas que podem ser adotadas para diminuir as chances de desenvolvimento da doença, entre elas uma rotina de vida mais saudável. No entanto, é importante lembrar que existem fatores de risco que podem ou não ser modificados.
Para a especialista, quando nos referimos a fatores de risco que podem ser modificáveis, estamos destacando a importância de adotar uma alimentação equilibrada e saudável, praticar atividades físicas, evitar o tabagismo, manter um peso adequado e implementar medidas para prevenir a obesidade. “A obesidade e o sedentarismo desempenham papeis fundamentais nesse cenário, afetando não apenas o câncer de próstata, mas também o panorama geral de várias formas de câncer”, destaca a médica.
Predisposições genéticas desempenham um papel importante. Para a Dra. Mariane, no entanto, quando falamos de questões genéticas, como hereditariedade relacionada ao câncer, isso se aplica a uma minoria das pessoas, ou seja, a um grupo específico no qual a probabilidade de desenvolver câncer de próstata é aumentada devido à transmissão de genes de pais para filho. “É fundamental ressaltar que os canceres hereditários ocorrem em uma parcela reduzida da população. Portanto, é importante estar ciente de nossa história familiar e, se houver suspeita de predisposição genética, é necessário procurar assistência médica para uma avaliação e diagnostico adequado”, explica a especialista.
Diagnóstico
A oncologista clínica reforça a importância de que os homens estabeleçam um acompanhamento médico regular ao longo de suas vidas, principalmente porque na maioria dos casos, quando o câncer de próstata é localizado, não há sintomas perceptíveis: “Muitas vezes, na adolescência e no início da vida adulta, essa prática é negligenciada, e a falta de um médico de referência torna-se comum. Muitos homens só buscam assistência médica quando surge algum problema ou quando atingem a idade de 50 anos, quando as orientações de rastreamento para o câncer de próstata são recomendadas”.
Quando há indícios sugestivos de câncer, como a detecção de nódulos ou um rápido aumento nos níveis de PSA, é recomendada a realização de uma ressonância magnética da próstata. Esse exame desempenha um papel crucial na identificação dos nódulos e fornece informações fundamentais para o diagnóstico. “A ressonância magnética é frequentemente usada para orientar a biópsia, um procedimento que efetivamente determina o tipo de câncer, sua agressividade e, com base nesses resultados, direciona o planejamento do tratamento adequado. Essas etapas são vitais para um diagnóstico preciso e uma abordagem eficaz no tratamento do câncer de próstata”, completa Dra. Mariane.
Novo tratamento
Um tratamento considerado inovador para o câncer de próstata foi apresentado recentemente no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO 2023). Trata-se do Lutécio PSMA, um tipo de medicamento que se liga a uma molécula encontrada nas células da próstata, chamada PSMA, que está mais frequentemente encontrada nas células cancerosas da próstata. “É importante observar que, embora seja direcionado a um alvo específico e, portanto, tenha uma toxicidade potencialmente menor, ainda podem ocorrer efeitos colaterais”, explica Dra. Mariane.
Segundo os resultados apresentados, o tratamento pode ser empregado no contexto da doença resistente à castração, existindo evidências que apoiam sua utilização após uma fase de tratamento que inclui quimioterapia, sendo geralmente bem tolerado, proporcionando vantagens, sobretudo em termos da tolerância ao tratamento em comparação com outras quimioterapias. Evidências recentes sugerem que sua eficácia pode também se estender a um estágio anterior a quimioterapia.
“Este é um tratamento importante que introduz uma nova classe de medicamentos no arsenal terapêutico do câncer de próstata avançado. Ele utiliza um mecanismo que se destina a atingir as células tumorais de uma maneira diferente, proporcionando assim uma opção valiosa de tratamento para os pacientes, com o potencial de minimizar a ocorrência de efeitos colaterais quando comparado com quimioterápicos”, pontua a oncologista.