Já pensou em ter uma usina hidrelétrica em casa e gerar energia limpa, barata e sustentável? Esse é o projeto de pesquisa do Gabriel Bento Dutra de Amorim, aluno do 1º ano do ensino médio da Escola Sesi de Corumbá, um dos finalistas da 13ª Fetec MS, considerada a maior feira de ciência, tecnologia e inovação do Estado. Denominado “Hydro House”, o projeto é uma adaptação do modelo de hidrelétricas para as residências.
Gabriel conta que o projeto nasceu após uma reflexão em sala de aula sobre energias renováveis e não-renováveis. De acordo com o projeto, uma hélice é instalada no cano que sai do hidrômetro, equipamento que serve para medir o volume de água nos imóveis residenciais, comerciais ou industriais.
“Quando a água passa pelo hidrômetro, aciona uma hélice ligada a um alternador, gerando energia mecânica que vira energia elétrica. Em seguida, essa energia passa por um transformador e um retificador para poder ser armazenada em uma bateria de lítio-grafeno. A energia estará disponível em casos de apagões, ou então poderá abastecer o imóvel por meio de um inversor”, explica Gabriel.
Ao todo, nove projetos de estudantes da Rede Sesi de Educação em Mato Grosso do Sul participam como finalistas da 13ª Fetec MS. O evento, organizado pela UFMS no campus da universidade federal em Campo Grande, encerra nesta quarta-feira (25/10).
Saúde do trabalhador em pauta
A preocupação com as condições de trabalho na indústria é o tema da pesquisa apresentada na Fetec MS por Isadora de Souza Martins, da Escola Sesi de Aparecida do Taboado. Orientados pelo professor Mohab Pedroso, os estudantes verificaram os riscos da exposição de trabalhadores a altas temperaturas.
“Fora da sala de caldeira encontramos temperatura de 26 graus, já dentro da sala verificamos 32,2 graus. E na superfície da caldeira chegou a 57,2 graus. Pesquisamos as Normas Regulamentadoras e constatamos que a temperatura ambiente onde há trabalho moderado de trabalhos e pernas é de 26,3 graus. Ou seja, existe uma diferença significativa com relação ao que encontramos.
O objetivo do estudo, segundo Isadora, foi produzir um relatório para ser apresentado à empresa, no sentido de buscar a sensibilização sobre o assunto. “O trabalhador não sente efeitos dessa exposição no curto prazo, mas, de acordo com pesquisas, os efeitos no organismo são sentidos a longo prazo, até na aposentadoria”, conclui.
Feira de ciências: experiência em ambiente universitário ainda na escola
Bruno Araújo Tavares Plentz, do 3º ano do ensino médio da Escola Sesi de Maracaju, levou à Fetec um projeto de análise comportamental para entender a alta procura por esteroides e anabolizantes, e também identificar quais são os efeitos colaterais para o organismo. O professor orientador Willian Júnior Belo Lemes falou sobre a importância de os alunos participarem de feiras de iniciação científica como a Fetec MS.
“Isso dá uma base para o aluno para ter uma vivência acadêmica melhor no futuro. Temos relatos de alunos que, ao chegarem à universidade, percebem que não passam os mesmos sufocos que outros colegas porque tiveram essa experiência que a Rede Sesi proporciona. A iniciação científica está presente na Rede Sesi desde o ensino fundamental até o ensino médio. Buscamos formar cidadãos questionadores, e isso é fantástico. Esse é o DNA da Rede Sesi de Ensino”, disse o professor.
Quem também tem aproveitado as oportunidades que surgem por meio da iniciação científica é Juan Gabriel Correia Camargo, do 8º ano do ensino fundamental da Escola Sesi de Dourados. O projeto, que discute a presença de agrotóxicos nas águas do rio Dourados, já foi apresentado em eventos fora de Mato Grosso do Sul.
“Participei da Fecigran, em Dourados, de uma feira no Triângulo Mineiro e de um evento em Maracaju sobre agricultura. Também tentei mandar meu trabalho para a Febrace, mas eu não tinha idade suficiente. As pessoas ficam impressionadas em saber que a água possui agrotóxicos. Não é sem motivo, pois são vários tipos de agrotóxicos, em diversas concentrações”, diz Juan Gabriel.
O orientador Fábio Araújo Gomes reconhece o potencial da iniciação científica para abrir novos caminhos na vida dos estudantes. “Quando esses alunos estiverem na universidade, vão entender a importância de produzir conhecimento e seguir carreira acadêmica, podendo chegar a mestrado e doutorado. Dei uma volta com o Juan Gabriel pelo ambiente da feira, e ele disse: ‘professor, não vejo a hora de estar na universidade’. Esse é o sentido da iniciação científica”, contou Fábio.