A Santa Casa de Campo Grande participa, a partir deste mês, do estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch, da Austrália, com a testagem da vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin – usada para prevenir a tuberculose) em trabalhadores da área de saúde que se voluntariarem para verificar a proteção do imunizante, também, contra a Covid-19. Os testes serão realizados em Mato Grosso Sul e no Rio de Janeiro, únicos estados brasileiros.
Coordenador do estudo no Estado, o pesquisador Dr. Julio Croda ressaltou, durante a apresentação do projeto aos líderes do hospital, que o ensaio clínico é financiado pela Fundação Gates. Além disto, também destacou que o estudo deve contar com a participação voluntária de cerca de três mil trabalhadores, sendo dois mil em MS, e que não tenham sido diagnosticados com a Covid-19.
“Todos os voluntários passarão por exames para verificar se há ou não a presença do vírus no organismo. Parte das pessoas aprovadas receberão a cepa da BCG dinamarquesa e a outra parte o placebo. E vamos acompanhá-las por até um ano, período em que serão feitas análises interinas de proteção, ou seja, avaliações intermediárias recomendadas em estudos de longa duração”, explicou.
O pesquisador solicitou que os líderes de setores sejam multiplicadores das informações aos demais funcionários do hospital e ressaltou também que, além do Brasil, outros países como a Austrália, a Espanha e o Reino Unido também fazem parte do mesmo estudo através da Universidade de Melbourne contando com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS). As pesquisas estão baseadas em outros materiais científicos já publicados que mostram a vacina BCG eficiente contra outras infecções respiratórias virais.
O estudo brasileiro, aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para sua iniciação, é quantitativo e está na última etapa, quando é avaliada a eficácia ou não da vacina BCG no tratamento da COVID-19. O pesquisador reforçou ainda que o apoio da Santa Casa é muito importante pelo fato de ter a maior força de trabalho na área da saúde no Estado, destacando que profissionais não assistenciais também poderão participar.
“É importante saber que ainda não temos a comprovação de que a BCG é eficaz contra a COVID-19, nem por quanto tempo ela mantém o organismo imune contra outras doenças respiratórias. Por isso, as pessoas não devem tomar a vacina acreditando que possa evitar o novo coronavírus”, alertou Julio Croda. E complementou: “Essa é uma pesquisa que envolverá profissionais de diversas áreas, mas que compõem os trabalhos intra-hospitalares como no caso da categoria administrativa (recepção, lavanderia, higienização e outros)”, disse.
Para participar, os voluntários deverão fazer um pré-cadastro on-line na Fiocruz e, já na semana que vem, um posto de vacinação será montado na Santa Casa. Além do participante não ter sido diagnosticado com a COVID -19, outra restrição é para as gestantes que não poderão se voluntariar
Vacina BCG
Disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina BCG é obrigatória no Brasil para recém-nascidos desde 1976. Porém, pode ser tomada até os quatro anos de idade. O imunizante protege crianças de até cinco anos de idade das formas mais graves da tuberculose.
“A participação nesse ensaio clínico é muito importante, primeiro por ser uma pesquisa também iniciada no Brasil e segundo pela importância da Santa Casa de Campo Grande no Estado e, também, no País. Com o resultado, após o período necessário do estudo, teremos nossa contribuição como uma das fontes de pesquisa. Essa ação também é de interesse da Instituição como exercício do Centro de Pesquisa Clínica do nosso hospital, o CEPEC Santa Casa”, afirmou a infectologista do hospital, Drª Priscilla Alexandrino.
Assessoria Santa Casa.